Um policial místico, um livro de auto-ajuda e uma comédia romântica é como Rui Zink classifica o seu novo livro, "Dádiva Divina", cujo lançamento decorrerá amanhã em Lisboa.
Rui Zink disse ainda que a ideia de escrever este livro foi começando a tomar forma "há cerca de cinco anos" e que resultou do facto de este início de "século XXI estar cheio de questões relacionadas com a religião, Jesus e as tecnologias".
"Como a clonagem, que mexe com questões ético-religiosas", sublinhou à agência Lusa o autor de "Dádiva Divina".
O livro traça o percurso de Samuel Espinosa, um detective nova-iorquino residente em Nova Iorque que, segundo Rui Zink, é uma homenagem ao filósofo homónimo, neto de portugueses e residente na maior parte do tempo em Amesterdão para onde o seu avô teve que emigrar devido à expulsão dos judeus em Portugal.
Como bom nova-iorquino, acrescentou, Samuel Espinosa "não acredita em nada, encontrando-se, curiosamente à procura de Jesus embora sem o saber", acrescentou.
O detective acaba, porém, por encontrar o filho de Deus, depois de uma busca incessante que o leva a percorrer vários países e continentes.
Neste livro, Jesus aparece como uma figura "mais de riso do que de dor", acrescentou Rui Zink, além de ser um Jesus diferente da "iconografia medieval".
Adis Abeba, Roma, Joanesburgo e Lisboa são algumas das cidades visitadas por Espinosa ao longo da sua demanda que acaba por não se revelar infrutífera e na qual acaba por descobrir que, depois de ressuscitar, o filho de Deus nunca mais abandonou a Terra.
Mais, foi pai de dois filhos, numa união com Maria Madalena.
Rui Zink disse ainda à Lusa que espera que, depois deste livro, os leitores venham a acreditar nalguma coisa, à semelhança do personagem principal.
O escritor admitiu ainda que os seus livros têm "todos um cariz religioso", sublinhando porém que apesar de "acreditar na mensagem de Deus", é "anticlerical".
E isto porque - frisou - não consegue aceitar que em nome de Deus se tenham cometido tantas asneiras.
Nascido a 16 de Junho de 1961, Rui Zink é escritor e professor auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Ficção, ensaio e teatro são algumas das áreas que a sua escrita tem abarcado e que tem traduções para alemão, hebraico e inglês.
Os romances "Hotel Lusitano", "Apocalipse Nau", "O Suplente" e "O Surfista" são de sua autoria.