Cartas ao director

Futebol

Não, não vou falar de futebol propriamente dito.

Aconteceu algo que pensava ter ficado já no nosso passado colectivo longínquo. Os nossos heróis, que são dos melhores do mundo, perderam com a cor das camisolas que tinham pela frente. Nem sequer foram a jogo e, embora tenham marcado primeiro e marcado dois golos, conseguiram ainda assim perder. O treinador, observador experiente, foi direito ao problema e perguntou como é que se chega ao intervalo só com duas faltas cometidas. É que o respeitinho é muito bonito e os nossos heróis tiveram-no em grande quantidade. Eu nasci a tempo de juntar as minhas lágrimas às do derrotadíssimo Eusébio de 66 e a minha indignação ao indignado Agostinho, que tinha a força de um cavalo mas nunca chegou à glória. Triste fado. Insuportável fado direi eu, que o vi agora perfilar-se novamente. Temos mais umas camisolas de respeito para defrontar mas, pelo amor de Deus, se perderem novamente, mostrem em campo que aconteceu porque têm menos futebol e não porque têm mais medo de ser felizes.

José Pombal, Vila Nova de Gaia

Cábulas

Tendo em consideração as leis que regulam a sua prática, alguém, há muito, concluiu que o futebol é desporto de cavalheiros praticado por arruaceiros enquanto o râguebi é desporto de arruaceiros praticado por cavalheiros. Pese embora o exagero da afirmação, existe nela algum fundamento. A virilidade a roçar a violência e o confronto físico permitidos no râguebi são penalizados pelas leis que regem o futebol. No entanto, e na prática, o respeito pela integridade física do adversário e pela verdade desportiva parecem mais presentes na modalidade do “melão”.

As regras do desporto rei foram concebidas para proporcionar um jogo fluído e onde possamos admirar o talento individual dos jogadores e a inteligência e perspicácia dos treinadores. Sim, o futebol também é arte! Ela está presente no voo elegante do guarda-redes que impede a bola de entrar na sua baliza no canto mais distante ou na sequência de esquadrias desenhadas pelo movimento da bola nas figuras geométricas imaginadas pelo treinador na sua estratégia.

Deverá ter sido qualquer coisa como esta que os pais do futebol imaginaram criar. Para regalo de quem o pratica e para gáudio de quem assiste. O jogo perfeito seria aquele com o menor número de paragens e o maior tempo útil de jogo praticado. Mas isso hoje já não existe. Uma das razões avançadas por Fernando Santos para a derrota com a Alemanha foi o facto da equipa nacional apenas ter cometido duas faltas sobre os adversários na primeira parte do jogo. Não foi a falta de arte, foi a falta de manha! Quando o ouvi, lembrei-me da história de um pai pouco escrupuloso que, ao censurar o filho por ter chumbado o ano, lhe dizia:” É bem feito! Chumbaste porque cabulaste pouco! Tivesses cabulado mais!”.

Helder Pancadas, Sobreda

“Para que ninguém fique para trás”

A expressão em epígrafe, tem, ultimamente, sido propalada nos noticiários televisivos. É uma expressão que eructam os políticos (membros do Governo e deputados), os sociólogos, ditos de esquerda, e até pessoas altruístas e bem intencionadas, verdadeiramente amigas do seu semelhante. Mas, a expressão, também é propalada por aqueles, que, no fundo, se estão marimbando para a expressão, pois, o que lhes interessará é estarem bem na vida e fingirem que se interessam pelo destino lúgubre dos deserdados. Faz parte da comédia humana no palco da vida. Na verdade, a expressão “ que ninguém fique para trás” faz parte do linguajar de certos políticos “ que dividem a humanidade em dois tipos: os instrumentos e os inimigos (F. Nietzsche) e daqueloutros que “prometem construir uma ponte mesmo no sítio onde não existe rio” (Nikita Kruschev). Há muito que os portugueses “estão ficando para trás" e, então, Portugal, “está ficando para trás” (cada vez mais) na convergência do desenvolvimento e bem-estar relativamente aos países mais avançados da União Europeia. E este o fadário que carregamos. E depois, dizem-nos, “que ninguém fica para trás”…

António Cândido Miguéis, Vila Real

O “Boçalnaro”

Do boçal do pantanal, que agora está ao comando dos destinos do Brasil, tudo dele se pode esperar. Portanto, já ninguém pode ficar admirado com a sua continuada indigna conduta, a qual não se coaduna com o seu tão alto cargo, no qual foi empossado, após o povo o ter elegido. Por isso mesmo nos interrogamos como foi possível o povo brasileiro o ter colocado à frente dos seus destinos.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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