Merkel critica Portugal por ter recebido turistas britânicos

“Temos uma situação em Portugal que podia ter sido evitada, e é por isso que temos de trabalhar ainda mais arduamente”, disse a chanceler alemã. Rui Rio aproveitou a deixa para acusar o Governo de estar a fazer Portugal passar “por uma vergonha desnecessária”.

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Angela Merkel reforçou a necessidade de haver uniformidade sobre a política de viagens de e para países da União Europeia LUSA/MICHAEL SOHN / POOL

A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou esta terça-feira Portugal por ter deixado entrar, há cerca de um mês, turistas britânicos apesar dos riscos associados à variante Delta.

“Temos uma situação em Portugal que talvez pudesse ter sido evitada, e é por isso que temos de trabalhar ainda mais arduamente”, disse a chanceler alemã, citada pelo Politico, numa conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Berlim. “Fizemos um progresso muito bom nos últimos meses, mas ainda não estamos onde gostaria que a União Europeia estivesse”.

A decisão de receber os turistas britânicos para a final da Liga dos Campeões, no Estádio do Dragão, entre o Chelsea e o Manchester City foi tomada para estimular a economia e o turismo português.

Angela Merkel reiterou ainda a necessidade de haver uniformidade sobre a política de viagens de e para países da União Europeia. “O que lamento é que ainda não tenhamos conseguido um comportamento uniforme entre os Estados membros em termos de restrições a viagens. Isto é um tiro pela culatra”, lamentou.

A variante Delta do novo coronavírus já é dominante em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), revelou o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) este domingo. De acordo com os resultados preliminares das sequenciações obtidas no mês de Junho, no âmbito do estudo sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal, aquela variante (B.1.617.2, associada à Índia) tem uma representatividade superior a 60% na região.

Merkel também disse que Ursula von der Leyen “tem todo o apoio alemão” para promover a saúde da União Europeia.

A vergonha desnecessária ou incoerência

Aproveitando a deixa da chanceler alemã, Rui Rio acusou o Governo de estar a fazer Portugal passar “por uma vergonha desnecessária”, considerando que depois da “vexatória desconsideração” do Reino Unido, os portugueses têm de “ouvir a justa indignação da chanceler alemã”.

“Não bastava termos sido tratados com uma vexatória desconsideração pelo Reino Unido, a quem prestamos futebolística vassalagem, e ainda temos de ouvir a justa indignação da chanceler alemã. O Governo português a fazer passar o país por uma vergonha desnecessária”, escreveu o líder social-democrata no Twitter.

Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, não demorou a responder-lhe. Também através das suas redes sociais, a socialista lembrou a incoerência de Rio que ainda em Maio criticava o executivo por não ainda não ter anunciado a abertura dos voos para o Reino Unido.

“Não há, de facto, limites para a incoerência quando agora se reclama contra uma medida que antes se reivindicava. Em Maio, o PSD criticava o Governo por não ter ainda anunciado a abertura aos voos do Reino Unido, que vaticinava de trágico para o turismo nacional”, lembrou Ana Catarina Mendes.

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