Eduardo Pinheiro desiste de candidatura à Câmara do Porto

A candidatura do secretário de Estado da Mobilidade tinha ficado fechada pela direcção do PS no fim-de-semana. Mas foi mal recebida nas estruturas locais

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Rui Gaudencio

Eduardo Pinheiro desiste da candidatura à Câmara do Porto, apurou o PÚBLICO.

“Recebi com orgulho o convite do presidente da federação distrital do Porto do PS para encabeçar a candidatura à Câmara Municipal do Porto, contudo, após reflexão cuidada, declinei hoje o convite que me foi endereçado”, afirma Eduardo Pinheiro num breve comunicado a que o PÚBLICO teve acesso.

“Agradecendo a confiança depositada, afirmei a minha total disponibilidade para apoiar o partido em torno de uma candidatura alternativa ao actual poder autárquico”, acrescenta o comunicado.

O secretário de Estado da Mobilidade e ex-presidente de Câmara de Matosinhos tinha sido uma escolha de António Costa, mas as estruturas locais do PS reagiram mal à solução encontrada para a Câmara do Porto e não era garantido que o nome do candidato fosse aprovado e isso pode ter pesado na decisão de declinar o convite.

A desistência de Eduardo Pinheiro apanhou o partido de surpresa. Com o socialista fora da corrida, o processo de escolha do candidato à Câmara do Porto volta à estaca zero, a não ser que a distrital tenha um plano B.

O PÚBLICO contactou, sem sucesso, o presidente da distrital do PS-Porto, Manuel Pizarro, que foi o interlocutor do processo junto do secretário-geral do partido, António Costa.

O presidente da concelhia, Tiago Barbosa Ribeiro, por seu lado, não quis fazer declarações sobre a desistência do secretário de Estado. No entanto, fonte socialista com responsabilidades no partido não hesitou em responsabilizar o presidente da distrital. “A federação vai ter de assumir as suas responsabilidades neste processo. Foi a federação que criou o candidato, opondo-se a José Luís Carneiro, é ela que agora tem de resolver o problema”, afirmou a mesma fonte, lembrando que este é o segundo processo autárquico no Porto, liderado por Manuel Pizarro, que corre mal.

Em 2017, a cinco meses das eleições autárquicas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, rompeu o acordo pós-eleitoral que tinha com o PS, criando um grande embaraço a António Costa. Sem tempo para convidar uma personalidade da cidade para liderar a lista contra Moreira, Manuel Pizarro foi obrigado a ser, de novo, candidato ao Porto, tendo obtido um resultado honroso para o seu partido (28,5%).

Eduardo Pinheiro vai manter-se no Ministério do Ambiente como secretário de Estado da Mobilidade, afastando um regresso à vida autárquica.

Em Abril do ano passado, Eduardo Nuno Rodrigues e Pinheiro, de 42 anos, foi um dos cinco secretários de Estado que o Governo nomeou, ao abrigo do estado de emergência, para cumprirem a missão de coordenação regional do combate à pandemia causada pela covid-19.

A decisão de Costa de deixar o candidato do Porto para o fim incomodou o PS a Norte e levou a muitas especulações sobre quem seria o socialista que seria o rosto da candidatura à segunda autarquia do país. Em cima da mesa, chegaram a estar vários nomes como o de Manuel Pizarro, presidente da federação distrital do PS-Porto, José Luís Carneiro, secretário-geral-adjunto do PS, Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e líder da concelhia. Mas a primeira opção do PS foi João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Acção Climática.

A escolha do candidato ao Porto ameaçou abrir uma fractura grande no PS do Porto quando saíram as primeiras notícias a dizer que o secretário-geral socialista se inclinava para apostar em José Luís Carneiro, mas a distrital barrou desde o primeiro dia o nome do ex-presidente da Câmara de Baião. No sábado, na reunião do secretariado distrital, onde o tema foi largamente debatido, Manuel Pizarro sossegou os seus pares ao garantiu que José Luís Carneiro “nunca seria candidato ao Porto com o apoio da concelhia e da distrital”.

Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia e vice-presidente da federação distrital do PS-Porto, foi outro peso pesado do partido que recusou o nome de Carneiro. Entretanto, Tiago Barbosa Ribeiro anuncia que está fora da corrida para disputar as eleições autárquicas com Rui Moreira, uma decisão que foi muito criticada na reunião de sábado do secretariado distrital.

Foi com este pano de fundo que se começou a desenhar uma alternativa liderada por António Costa que acabou por deixar cair o seu braço direito e apostar num candidato com experiência autárquica. Eduardo Pinheiro foi vice-presidente de Guilherme Pinto na Câmara de Matosinhos. Quando Guilherme Pinto renunciou ao mandato por razões de saúde, Eduardo Pinheiro assume a partir de 1 de Fevereiro de 2017 as funções de presidente da autarquia matosinhense. Um mês antes assume a presidência da Assembleia Geral da Casa de Arquitectura - Centro Português de Arquitectura.

Entre Janeiro de 2017 e Maio de 2019 exerceu o cargo de presidente da Assembleia Geral do Metro do Porto e em Dezembro de 2018 foi eleito vice-presidente do Conselho de Administração da Agência de Energia do Porto.

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