Sporting e FC Porto empatam e só poderia ter acabado assim

O golo do empate, aos 87’, dá justiça ao resultado, depois de as equipas se terem anulado em toda a linha. O FC Porto foi penalizado pelo conservadorismo e apatia na segunda parte.

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Pote e Sérgio Oliveira em duelo em Alvalade LUSA/ANTONIO COTRIM

O Sporting não ganha um clássico na I Liga desde 2016. São já mais de quatro anos sem triunfos em jogos grandes e também não foi neste sábado que a sina mudou. Sporting e FC Porto empataram (2-2) em Alvalade, num jogo que poderá permitir ao Benfica alargar a vantagem para “leões” e “dragões”, em caso de triunfo frente ao Rio Ave, neste domingo.

O golo de Vietto, aos 87’, dá justiça ao resultado, depois de as equipas se terem anulado em toda a linha. O FC Porto foi penalizado pelo conservadorismo na segunda parte e, numa análise limitada às oportunidades claras de golo, até poderia ter saído de Alvalade com menos do que um ponto.

A primeira parte foi intensa, como se espera de qualquer clássico, e, apesar de nem sempre bem jogada, teve vários lances junto das áreas. Nenhuma das equipas controlou claramente o jogo, mas o Sporting, apesar de um livre perigoso de Sérgio Oliveira no primeiro minuto (defesa de Adán), pareceu entrar mais confortável, sobretudo porque corrigiu, com a entrada de Palhinha no “onze”, um dos problemas da equipa: soluções na primeira fase de construção.

A anterior dupla, Matheus e Wendel, escondia-se do jogo, deixando os centrais reféns de linhas de passe, mas Palhinha esteve permanentemente a oferecer-se para receber e circular, o que deu fluidez à primeira fase de construção “leonina” – e nem mesmo isto evitou os constantes erros técnicos de Neto e Coates em passes simples.

E foi precisamente por Palhinha que surgiu o primeiro bom lance do Sporting, com o médio a mostrar muita agressividade sem bola. Depois da acção defensiva do médio, Jovane isolou Matheus (bem a queimar linhas com bola e na chegada à área), que permitiu a defesa a Marchesín. Este foi o aviso, aos 8’.

Segundos depois, veio o golo. Cruzamento largo de Porro e Nuno Santos, com Manafá a defender muito por dentro, teve espaço para rematar de primeira, ao segundo poste.

Classe de Corona

O jogo do FC Porto estava algo dependente dos raides individuais de Corona e Luis Díaz – o mexicano criou um bom lance aos 13’ e o colombiano aos 22’ (nova defesa de Adán) –, com a equipa a explorar pouco aquilo que mais sabe, a profundidade.

Marega foi mais solicitado em apoios frontais do que no espaço e poucas jogadas tinham nexo no ataque portista. E a presença de Sérgio Oliveira tão recuado, no lugar de Danilo, deixou a equipa refém da chegada a área do médio – uma das grandes novidades do FC Porto da última época.

Aos 25’, numa fase em que os “dragões” estavam a crescer no jogo, Zaidu encarnou Alex Telles e fez um cruzamento perfeito para Uribe finalizar – Coates “marcou-o com os olhos”, mas isso não chega.

Aos 45’, pouco depois de Pote desperdiçar um bom lance na área portista, o FC Porto, após um canto a favor do Sporting, conseguiu deixar Luis Díaz apenas perante Nuno Mendes na zona do meio-campo.

O duelo físico sorriu ao colombiano, que correu para a área. Foi lá que acabou por surgir Corona a fazer o que mais tem feito: ser decisivo. O mexicano driblou Feddal, com arte, e finalizou com uma bola “picada”, com a classe habitual. Jogando bem ou mal, ter Corona é, para o FC Porto, estar sempre perto de ser feliz.

Antes do intervalo ainda houve uma roleta russa de emoções para o Sporting. Primeiro, viram Luís Godinho apitar penálti de Zaidu e expulsar o portista. Pouco depois, o VAR sugeriu que o árbitro visse as imagens e o juiz reverteu a decisão. Resultado: staff do Sporting irado, Rúben Amorim expulso e Neto amarelado.

Estreia de João Mário

Se a primeira parte não tinha sido brilhante, apesar de alguns lances de bom nível, a segunda foi ainda pior. O jogo decresceu muito de qualidade e assistiu-se a mais erros técnicos dos jogadores e faltas do que bom futebol.

Agarrado à vantagem, o FC Porto baixou as linhas e o Sporting, apesar de globalmente dominador, não foi capaz de ferir e colocar passes verticais em zonas de decisão e finalização – Pote pareceu desperdiçado numa zona tão avançada do terreno, como um dos três da frente, e João Mário substituiu Matheus (mais influente em transições do que em ataque posicional) demasiado tarde.

O jogo entrou numa toada de mais luta do que criação de jogadas e, depois de uma primeira parte com muita emoção nas áreas, a segunda, à excepção de um bom disparo cruzado do sempre muito rematador Pedro Porro, foi jogada quase “sem balizas”.

O jogo caminhava para o final sem que o Sporting tivesse engenho para destruir a boa organização de uma equipa madura, mas um lance confuso, aos 87’, permitiu a Vietto finalizar na pequena área, depois de uma defesa de Marchesín a um remate de Sporar. E este desfecho traz, claramente, justiça ao que se passou em campo, mesmo com uma segunda parte de má qualidade.

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