Há mais de 2700 notícias falsas sobre covid-19 por dia

“É inútil lavar as mãos”, e “a covid-19 só é um perigo para os mais velhos” estão entre os exemplos mais comuns. Comissão Europeia detectou, em média, mais de 2700 exemplos de informação falsa publicada nas redes sociais por dia.

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Propagar a ideia que lavar as mãos não faz a diferença pode pôr vidas em risco Daniel Rocha

Em Abril, a Comissão Europeia estava a detectar mais de 2700 exemplos de informação falsa publicada nas redes sociais por dia. “É inútil lavar as mãos”, ou “a covid-19 é apenas um perigo para os idosos” estão entre os exemplos mais populares divulgados num alerta divulgado esta terça-feira sobre como alegações deste tipo “põem vidas em risco”.

Os números, de 29 de Abril, mostram que a desinformação sobre a covid-19 está a aumentar: entre Janeiro e Março, a União Europeia tinha apenas detectado 110 casos de desinformação associada ao novo coronavírus. Aos valores mais recentes de Bruxelas somam-se ainda milhões publicações falsas ou enganosas encontradas por plataformas online, como o Facebook, o Google e o Twitter, que em 2018 se comprometeram a ajudar a União Europeia a combater a desinformação nas suas páginas.

“A desinformação e informação de má qualidade associada ao novo coronavírus, que vai desde a propagação de mentiras, informação de saúde enganosa e fraudes, é um perigo para a saúde pública e para os consumidores”, lê-se no documento da Comissão Europeia.

Bruxelas acrescenta, no entanto, que já foram tomadas várias medidas para prevenir a propagação da desinformação: “A Comissão Europeia e o Serviço Europeu de Acção Externa têm estado em contacto com as grandes plataformas de redes sociais para aumentar a promoção de conteúdo de autoridades de confiança e empreender acções decisivas face a conteúdo falso ou enganos.”

Com isto, o YouTube já retirou mais de 15 mil vídeos com informação enganadora ou perigosa sobre a covid-19, e plataformas como o Facebook e o Instagram estão a divulgar páginas com informação de confiança sobre a covid-19. Mais de dois mil milhões de pessoas, por exemplo, já chegaram à página da Organização Mundial da Saúde através de links divulgados no Facebook e no Instagram. 

Tanto a Google (dona do YouTube) como o Facebook (dono do Instagram, WhatsApp e Messenger) estão entre as plataformas digitais que se comprometeram, no final de 2018, a combater a desinformação nas suas páginas, através da assinatura de um código de conduta contra a desinformação, um mecanismo voluntário de auto-regulação que nos últimos meses tem sido centrado na desinformação sobre a covid-19.

“A pandemia do coronavírus tem mostrado a importância de lutar contra a desinformação, ao mobilizar todas as partes relevantes, desde plataformas ao escrutínio de factos, a autoridades públicas”, destacou, em comunicado, o comissário europeu Thierry Breton, responsável pela pasta do Mercado Interno.

Já o  Grupo de Reguladores Europeus dos Serviços de Media Audiovisuais (ERGA) nota que a proliferação de notícias falsas sobre a covid-19 mostra que “a manipulação de informação representa um risco e sério”, sendo necessário promover a colaboração entre a Comissão Europeia e todas as plataformas digitais activas na União Europeia. 

Uma das ferramentas actualmente disponíveis é o Sistema de Alerta Rápido que permite que várias instituições europeias, plataformas online e Estados-membros colaborem na detecção e partilha de redes de desinformação europeia. 

Fora da União Europeia, alguns países têm optado pela criação de novas leis para combater as notícias falsas. Em Março, por exemplo, o Governo da África do Sul promulgou uma lei que prevê pena de prisão até seis meses para qualquer cidadão que divulgue notícias falsas sobre o novo coronavírus.

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