Startup permite tirar fotografias a roupa e encontrar peças semelhantes em sites

E se fosse possível encontrar uma peça de roupa na Internet através de uma fotografia tirada a um produto numa montra ou numa revista? É o que a ShopAI conseguiu.

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Uma startup sediada no Porto desenvolveu um sistema que permite aos consumidores tirarem fotografias a peças de vestuário e, “através de um motor de pesquisa visual”, encontrarem produtos semelhantes em sites de diferentes marcas.

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Uma startup sediada no Porto desenvolveu um sistema que permite aos consumidores tirarem fotografias a peças de vestuário e, “através de um motor de pesquisa visual”, encontrarem produtos semelhantes em sites de diferentes marcas.

A ideia de incorporar um “botão” em sites e aplicações que permitisse aos consumidores tirarem fotografias a peças de roupa que encontrassem numa montra ou revista surgiu de “uma brincadeira entre amigos”, explicou Rui Machado, um dos fundadores da ShopAI. “Durante o mestrado na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), eu e o Hélder Sousa Russa (também fundador da startup) começamos a perceber que íamos conseguir criar este produto. Não queríamos montar um market place de pesquisa, mas sim vender esta tecnologia a marcas de roupa para que a pudessem inserir nos seus próprios sites”, frisou.

Em entrevista à Lusa, o actual director executivo da ShopAI contou que já o “software estava quase concluído” quando, em Janeiro de 2018, foram contactados pela Zando, uma empresa da África do Sul, que viu “a viabilidade do produto” e quis negociar com os jovens portugueses. “Apresentámos o nosso produto a várias marcas portuguesas, mas, para ser sincero, acho que o nosso país sofre de síndrome doméstica, isto porque as pessoas acreditam que tudo o que é feito em Portugal não tem qualidade. Na verdade, a Zando foi o primeiro investidor da nossa empresa, não investindo dinheiro, mas sim oportunidade”, apontou.

Segundo o jovem, que trabalha há cerca de oito anos no ramo da inteligência artificial, foi depois de treinarem “milhares de imagens em diferentes perspectivas e com diferentes técnicas de engenharia” que iniciaram actividade, em Março de 2018, e começaram a aplicar, a partir do Porto, a tecnologia desenvolvida no site da Zando.

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“A forma como isto funciona é muito simples. Quando entramos na aplicação da Zando, que só opera na África do Sul, a primeira parte do nosso produto é um botão que existe nessa aplicação. As pessoas clicam nesse botão, que é de uma câmara fotográfica, e depois podem tirar uma fotografia ao que estão a ver e imediatamente tem como resultado final os produtos similares que existem no catálogo”, esclareceu. Além deste serviço, a ShopAI também cruza a “informação visual” com a “informação de negócio” como o stock existente, as taxas de conversão e o número de cliques, permitindo que as marcas “costumizem toda a experiência”.

No entanto, “rapidamente” os jovens portugueses perceberam que nem todos os utilizadores sabem que produto querem comprar e optaram ainda por desenvolver um sistema (banner) de “recomendações” na página de descrição do produto, de modo a “auxiliar o cliente a encontrar aquilo que pretende comprar”.

À Lusa, Rui Machado disse ainda que depois de realizarem “um estudo caso” com a Zando, foram contactados pela Adidas e pela Reebok sediadas na África do Sul e que já fecharam “contrato” com as duas fabricantes de sapatilhas, mas uma vez que estas são marcas “próprias”, o botão apenas funciona com produtos da marca. “No início de Abril, o botão vai estar disponível no site da Zando, o que permite que os consumidores em Portugal e noutros países consigam aceder à nossa tecnologia, enquanto que o botão que existe na aplicação só quem está na África do Sul consegue aceder. Quanto à Adidas e Reebok, prevemos que até ao final do mês de Abril o botão esteja também disponível no site”, afirmou. Neste momento, os jovens portugueses encontram-se ainda a “negociar com algumas empresas europeias”.