Cinco séries com vilões reais

Cinco séries documentais que falam sobre pessoas com vidas aparentemente idóneas, que se vieram a revelar verdadeiros vilões.

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The Jinx
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Jimmy Savile: Uma história de terror britânica
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Jeffrey Epstein: Podre de Rico
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Bandidos na TV
,Campo de extermínio de Treblinka
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The Devil Next Door

The Jinx

HBO Max
Há três décadas que a polícia o tinha referenciado. Robert Durst, herdeiro de um império imobiliário em Nova Iorque, tornou-se suspeito de assassínio em 1982, quando a mulher, Kathleen, desapareceu. A polícia nunca encontrou o corpo e ele nunca foi a julgamento. Mais tarde, seria também suspeito do assassinato de Susan Berman, sua amiga de longa data. Já em 2003, foi julgado pela morte de um homem no Texas, onde vivia sob anonimato desde a reabertura do inquérito do desaparecimento de Kathleen. Apesar de a vítima ter sido desmembrada, Durst defendeu em tribunal que o matou em autodefesa e foi absolvido. Em 2010, Andrew Jarecki (nomeado para o Óscar pelo documentário Os Friedmans) estreou o filme Entre Segredos e Mentiras, que se inspirou na história de Durst e da esposa desaparecida (interpretados por Ryan Gosling e Kirsten Dunst). Após ter visto o filme, o próprio Durst contactou Jarecki para lhe dar uma entrevista a contar a sua versão. Ao longo de 20 horas de conversa, os eventos são contados sob o seu ponto de vista, dando origem a esta série de seis episódios. Mas os produtores tinham um trunfo com o qual pretendiam confrontá-lo, originando um inesperado volte-face que mudaria o curso da investigação. Robert Durst faleceu de causas naturais a 10 de Janeiro de 2022. Tinha 78 anos.

Jimmy Savile: Uma História de Terror Britânica

Netflix
Nascido a 31 de Outubro de 1926, Jimmy Savile foi um DJ, apresentador de rádio e de televisão sempre envolvido em causas nobres e considerado uma espécie de “tesouro nacional” por três gerações de ingleses. Para que os espectadores fora de Inglaterra percebessem o nível de popularidade no seu país, o realizador Rowan Deacon (My Brilliant Britain) faz uma longa apresentação dos seus feitos, ao mesmo tempo que exibe dezenas de fotografias suas ao lado de celebridades, seja a princesa Diana, Margaret Thatcher, Muhammad Ali, os Beatles ou Elvis Presley. Reconhecido pela rainha Elizabeth II, que lhe atribuiu o título de Sir, e condecorado pelo papa João Paulo II pelas suas campanhas de beneficência, a sua figura idiossincrática e histriónica — fatos de treino coloridos, charuto ao canto da boca, cabelo platinado — tornou-se uma imagem de marca. Mas, sem que os seus milhões de fãs imaginassem, Savile foi também um dos mais prolíficos abusadores sexuais da história do Reino Unido, conciliando a vida pública com abusos sistemáticos de centenas de pessoas. As autoridades, depois de investigações aprofundadas e de provas inequívocas, classificaram-no como pedófilo e predador sexual, de pessoas entre os cinco e os 75 anos de idade. Por diversas vezes ao longo dos anos, Savile foi acusado de assédio. Contudo, com uma poderosa rede de influência, conseguiu que as acusações contra si fossem retiradas, com as vítimas a serem ignoradas ou desacreditadas. Jimmy Savile: Uma História de Terror Britânica está dividido em duas partes e, apoiando-se em depoimentos de vítimas e pessoas próximas de Savile, mostra o enorme escândalo gerado após a descoberta dos factos.

Jeffrey Epstein: Podre de Rico

Netflix
Baseada no livro biográfico Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein - The Billionaire’s Sex Scandal, escrito por James Patterson, John Connolly e Tim Malloy, esta minissérie foi realizada por Lisa Bryant e conta a arrepiante história do multimilionário norte-americano Jeffrey Epstein que, durante décadas, usou a sua fortuna, estatuto e influência para abusar sexualmente de raparigas menores de idade. Mostrando como nos EUA até a justiça pode ser comprada, Jeffrey Epstein: Podre de Rico estreou-se em Maio de 2020, e inclui declarações de várias vítimas e também de pessoas ligadas às investigações ao longo dos anos – incluindo Michael Reiter, ex-chefe da polícia de Palm Beach (Florida) que, em 2005, teve a audácia de dar início às primeiras investigações. Nessa altura, apesar de um longo documento onde estavam compiladas provas e testemunhos de mais de 40 adolescentes, Epstein conseguiu escapar com apenas uma condenação por incentivo à prostituição. O seu estatuto e inexplicável ascendência sobre pessoas influentes fez com que a pena se resumisse a 13 meses de prisão em regime aberto, sob condições extraordinariamente vantajosas. Os anos foram passando e, em 2019, Epstein foi novamente acusado. Desta vez o caso contra si estava mais bem documentado e, para além dos abusos sexuais, incluía tráfico de menores com objectivos sexuais. A 10 de Agosto de 2019, estando já em prisão preventiva enquanto aguardava julgamento, Jeffrey Epstein foi encontrado estrangulado na sua cela, no que foi classificado como suicídio. As opiniões em relação à sua morte dividem-se, com muitos a afirmarem que tenha sido assassinato. A sua morte desfez o caso da acusação, sem nunca ter sido feita justiça às suas vítimas. Epstein era também conhecido pelas suas ligações a figuras públicas, entre elas Donald Trump, Leslie Wexner, Bill Clinton, Alan Dershowitz, Sergey Brin, Woody Allen, o príncipe André, Duque de York, ou Ghislaine Maxwell (sua namorada, considerada culpada, em Dezembro de 2021, de ter recrutado quatro adolescentes entre 1994 e 2004 para serem abusadas sexualmente por Jeffrey Epstein).

Bandidos na TV

Netflix
Estreada em Maio de 2019, esta minissérie documental, criada por Daniel Bogado, Dinah Lord e Eamonn Matthew, conta uma história particularmente sinistra. O protagonista é Wallace Souza, um homem comum tornado celebridade ao apresentar, entre 1989 e 2009, o programa Canal Livre, exibido na TV Rio Negro (hoje TV Bandeirantes Amazonas). De cariz sensacionalista e com grande audiência, o programa misturava histórias dramáticas, comentário criminal e investigação jornalística, ao expor homicídios, raptos e operações antitráfico ocorridos na região. A popularidade devia-se ao carisma do seu apresentador – que se anunciava como uma espécie de justiceiro –, mas também à forma como tudo era encenado para o espectador, com imagens gráficas dos acontecimentos e do sofrimento dos familiares das vítimas, intercaladas com momentos de puro entretenimento. Em 2008, um ex-polícia militar preso por tráfico de drogas implicou Wallace numa série de actos criminosos. Dando-se conta de que a equipa do Canal Livre era sempre a primeira a aparecer nas cenas dos crimes e do excesso de detalhes dos incidentes, as autoridades avançaram as suas investigações. Foi assim que deduziram que o apresentador comandava um grupo de crime organizado que assassinava os seus adversários com intenções de exibir as mortes no programa. Wallace manteve sempre a sua inocência, afirmando-se vítima de uma conspiração política. Na altura, o caso teve uma enorme exposição mediática e ainda hoje divide opiniões. Com imagens de arquivo misturadas com entrevistas recentes a familiares e antigos colaboradores do programa, a série Bandidos na TV mostra os factos sob várias perspectivas.

The Devil Next Door

Netflix
Uma minissérie documental de cinco episódios realizada pelos israelitas Yossi Bloch e Daniel Sivan sobre Ivan Demjanjuk, um ucraniano que, logo após a Segunda Grande Guerra, viveu no Sul da Alemanha e trabalhou para organizações estrangeiras até partir, em 1951, para o Ohio (EUA), onde, durante 25 anos, viveu e trabalhou. Ao obter a cidadania norte-americana, fez questão de alterar o nome para John Demjanjuk. Em 1987, foi identificado por vários sobreviventes dos campos de concentração como Ivan, o Terrível – um guarda soviético particularmente cruel com os prisioneiros judeus em Treblinka – e extraditado para Israel, onde foi levado a cabo um julgamento longo e muito mediático. Até ao quinto episódio da série, a dúvida sobre a culpa ou inocência de Demjanjuk vai sendo mantida. Será ele um monstro ou uma vítima?

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