Pedro Costa vai mostrar como trabalha em Melgaço

Sétima edição do MDoc, festival de documentário, realiza-se nesta vila do Alto Minho de 2 a 8 de Agosto.

Foto
Pedro Costa DR

Uma oficina de Verão dedicada ao trabalho e ao percurso cinematográfico de Pedro Costa, desde O Sangue (1989) até Vitalina Varela (2019), promovido em colaboração com a associação galega La Plantación, de Ourense, entre os dias 2 e 5 de Agosto, é uma das apostas da 7.ª edição do Festival Internacional de Documentário de Melgaço (MDoc), a decorrer na primeira semana daquele mês nesta vila do Alto Minho.

Dedicada a cineastas e a estudantes de cinema nas suas diferentes declinações estéticas e profissionais, na oficina Pedro Costa vai abordar as várias etapas do trabalho “de ver e de ouvir, o da atenção à vida das formas, o do risco, o do medo e o do tempo ganho e perdido. O trabalho que resulta do compromisso com uma realidade”, diz o programa do MDoc.

Após o interregno forçado de um ano, por via da pandemia da covid-19, o festival regressa agora com a mesma grelha programática das edições anteriores, com uma ou outra novidade. Entre estas, conta-se a primeira edição do concurso de cartazes de cinema Prémio Jean-Loup Passek, lançado no início deste ano com o objectivo de mobilizar designers e artistas a criarem cartazes originais para filmes de documentário, animação ou ficção, produzidos em Portugal ou na Galiza.

Dotado com 2000 euros, o vencedor do prémio será anunciado no início do festival, a 2 de Agosto.

No resto, o MDoc vai continuar a “divulgar o cinema documental centrado nos três conceitos em que entronca o seu projecto — Identidade, Memória, Território —, com o objectivo de criar um arquivo fílmico e visual do território de Melgaço”, lembrou o seu director, Carlos Viana, na apresentação do programa feita na manhã desta terça-feira no Espaço Mira, no Porto.

Na secção principal do festival, e candidatos ao Prémio Jean-Loup Passek — homenagem ao programador, crítico, historiador do cinema e coleccionador francês (1936-2016), que doou a Melgaço o acervo que esteve na base da criação do Museu de Cinema com o seu nome —, estarão este ano 31 documentários: 19 longas-metragens e 12 curtas e médias metragens, nove das quais concorrem também ao prémio de melhor documentário português.

Nestes filmes (que serão igualmente candidatos ao Prémio D. Quixote, da Federação Internacional de Cineclubes), além de Portugal e Espanha, há produções da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, França, Grécia, Polónia, Bielorrússia, Roménia, Sérvia, Turquia, Irão e Brasil. Vão ser avaliados por um júri formado pelo realizador italiano Alessandro Negrini, pelo professor da Universidade Complutense de Madrid Alfonso Palazón Meseguer, pela antropóloga brasileira Jane Pinheiro, pela realizadora russa Julia Kushnarenko e pela realizadora portuguesa Susana Sousa Dias.

Atenção ao território

Outra secção do festival, Fora de Campo, é um curso de Verão que este ano será dedicado a Narrativas na primeira pessoa, que serão recolhidas junto das populações locais.

Paralelamente — e também com origem num projecto da associação Ao Norte (Viana do Castelo), que se ocupa da organização do MDoc —, decorrerá a dupla residência cinematográfica e fotográfica Plano Frontal, que visa a criação de um arquivo audiovisual sobre o património imaterial de Melgaço através da criação de obras audiovisuais. Sobre esta realidade territorial irá também incidir o projecto Quem somos os que aqui estamos?, com coordenação do geógrafo Álvaro Domingues, e que desde o ano passado vem recolhendo dados sobre as freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro.

A atenção a outros públicos, e, este ano, à literacia para o cinema, nomeadamente a crianças e adultos com necessidades especiais, é o mote da secção Kino Meeting. Nela participarão professores, cineastas e animadores, como Jurek Sert, da Cinemateca Alemã (Berlim), Josélia Neves (Universidade de Aveiro), Daniel Maciel (Ao Norte) e Abi Feijó (Casa-Museu de Vilar) — o realizador de Os Salteadores irá igualmente dirigir uma oficina de animação associada ao projecto da UNICEF A maior lição do mundo.

Completam o programa do 7.º MDoc várias exposições de fotografia, entre as quais a nova mostra do Museu de Cinema de Melgaço, que, com o título O passador de imagens do Centro Pompidou, recordará o trabalho de 25 anos (1978-2003) de Jean-Loup Passek à frente do departamento de cinema do museu parisiense, com uma selecção de cartazes, fotografias e livros do valioso espólio que doou a Melgaço.

Sugerir correcção
Comentar