Este ano, o festival Mental quer falar sobre ecoansiedade — e já aceita filmes

O Mental regressa em 2021 para desmistificar a saúde mental através da cultura e das artes. Está aberta, até 27 de Março, a fase de submissão de filmes sobre o tema.

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O festival Mental quer trazer a saúde mental para discussão pública, “para quebrar o estigma e promover a literacia”, através da cultura e das artes. A quinta edição realiza-se entre os dias 20 e 23 de Maio, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Durante o Verão, chegará, num formato adaptado, às salas de teatro do Funchal, de Ponta Delgada e Castelo de Vide.

“As pessoas dirigem-se ao médico por tudo e mais alguma coisa, menos quando estão em sofrimento psicológico, que é tão natural como partir uma perna. Vemo-lo como algo que só acontece aos outros, por causa do estigma, da vergonha, do preconceito, da iliteracia”, começa por dizer Ana Pinto Coelho, directora do festival e terapeuta especializada em adições químicas e comportamentais. A cultura, segundo a curadora, é o caminho para chegar às pessoas, colocando-as num ambiente agradável, positivo, como uma sala de espectáculos.

Nesta edição, os temas em destaque serão depressão, somatização e ecoansiedade, definida pela Associação Americana de Psicologia como o medo crónico da destruição ambiental, que tem afectado, em particular, os mais jovens. “Os jovens não estão doidos ou fundamentalistas, estão seriamente preocupados, e isso cria uma ansiedade brutal”, defende Ana Pinto Coelho. “São mais conscientes, inteligentes, interessados pelo mundo e pelo outro, coisa que as gerações anteriores não foram. Estivemo-nos nas tintas para o ambiente, para os animais, uns para os outros.”

Dirigindo-se a todos os realizadores interessados em explorar o tema da saúde mental, a organização do festival já está a convidar à submissão de filmes, na plataforma FilmFreeWay, até 27 de Março. Os trabalhos seleccionados serão exibidos no M-Cinema, a mostra internacional de curtas-metragens do Mental.

São aceites filmes até 70 minutos, produzidos após 2016, nas categorias de documentário, ficção e animação. O júri do Mental 2021 é formado pela realizadora Catarina Belo, pelo crítico de cinema Rui Henriques Coimbra, pela psicóloga Maria João Barros, em representação da Ordem dos Psicólogos, e mais um elemento convidado.

A programação do festival incluirá eventos dedicados não só ao cinema, mas também à música, dança, teatro e literatura, assim como debates e mesas-redondas. O Mental Júnior e o Mental Jovem são dedicados aos mais novos, “porque falar da saúde mental é também [importante] para os mais pequenos, sobretudo num ano como o que estamos a atravessar”, diz, em comunicado, a Safe Space Portugal, produtora do festival.

O Mental é produzido pela Safe Space Portugal, associação sem fins lucrativos, e pelo Programa Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde. O regulamento completo para a submissão e selecção de filmes pode ser lido aqui.

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