Famalicão tem programa para manter a cultura viva em todo o território

Apoiado pelo Fundo Social Europeu, o Há Cultura – Cultura para Todos espera realizar 17 acções referentes a vários campos artísticos em 2021. O programa abrange todo o território famalicense e procura incentivar a participação de grupos socialmente vulneráveis em eventos ou até na criação cultural.

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Novo circo, música, teatro, dança contemporânea e cinema: estas são algumas das formas de arte que vão estar mais perto das várias comunidades de Vila Nova de Famalicão através do Há Cultura – Cultura para Todos, programa desenhado para avançar definitivamente neste ano, depois de ter começado em 2019, com duas acções-piloto.

A autarquia espera concretizar 60% do programa inicialmente traçado para 2021, mesmo com a recente aceleração da pandemia em Portugal. Essa percentagem traduz-se em 17 acções espalhadas pelo território que visam “capacitar os públicos mais vulneráveis e criar sensibilidades artísticas nas comunidades”, adiantou o vereador com o pelouro da Cultura, Leonel Rocha. “Vamos avançar com todas as acções possíveis para este ano. Os projectos estão conscientes de que têm de se adaptar à realidade que vivemos”, esclareceu, na videoconferência de apresentação do programa orçado em 310 mil euros, verba comparticipada em 85% pelo Fundo Social Europeu.

Já o presidente da Câmara, Paulo Cunha, realçou que o projecto contribui para a “fruição da cultura”, para a formação de públicos e de agentes culturais e para a redução de desigualdades no território famalicense. “Os agentes culturais são essenciais para a obtenção de um dado patamar civilizacional. Este projecto almeja um desenvolvimento integrado do território e a redução das diferenças entre cada um dos seus pedaços, salientou.

A programação reparte-se por três eixos, sendo o de “dinamização de práticas artísticas junto de grupos vulneráveis” o que mais iniciativas congrega – dez, segundo o dossier de imprensa consultado pelo PÚBLICO. A oferta inclui, por exemplo, arte urbana junto de uma comunidade sénior, teatro musical, dança contemporânea nas escolas, um concerto de comunidade e circo contemporâneo para pessoas portadoras de deficiência. Essa última iniciativa está a cargo do Instituto Nacional de Artes do Circo, sediado em Famalicão desde 2017.

A aprendizagem de práticas artísticas é outro dos propósitos do Há Cultura – Cultura para Todos. Entre as cinco acções desse eixo, contam-se, por exemplo, o Laboratório Cívico de Inovação Cultural, que procura ajudar grupos sociais vulneráveis a “identificarem-se mais com o espaço público”, e o Centro de Cultura Digital, vocacionado para a aprendizagem da música electrónica.

Cinema para todos

O objectivo do terceiro eixo é melhorar o acesso da população à arte, com uma actividade de musicoterapia, Allegro para Todos, da Escola Profissional Artística do Vale do Ave, e as sessões do Cinema Paraíso, promovidas pelo Cineclube de Joane. O filme de Giuseppe Tornatore (1988) dá o nome à programação de Verão que o cineclube promove desde 1999, contando cerca de 200 sessões em 30 pontos do concelho. Nos últimos anos, o Cinema Paraíso instalou-se no Parque da Devesa, em plena cidade, mas, em 2021, vai espalhar-se de novo pelo território – as sessões estão agendadas para Julho e Agosto, em Santa Eulália de Arnoso, São Cosme do Vale, Mogege, Carreira e Fradelos. “Nunca perdemos o foco e o interesse nas freguesias. O Cultura para Todos vai promover a difusão da arte para públicos diferentes, de realidades socioeconómicas diferentes”, disse ao PÚBLICO Vítor Ribeiro, presidente do cineclube desde a sua fundação, em 1998.

Para o dirigente, o cinema é uma “arte popular”, capaz de se difundir e de “falar para muita gente”, mas nem sempre vista de “forma continuada”. Para públicos diferentes, há “hábitos diferentes”, acrescenta. Atendendo a tais diferenças, Vítor Ribeiro promete um Cinema Paraíso com “cinema de qualidade, escolhido com critério, que fala a muita gente”. A programação terá “cinema norte-americano de grande público”, cinema de animação, cinema português e um “testemunho da história do cinema”. “Há certas propostas que não se identificam neste cartaz, mas funcionam bem. Um Charlie Chaplin é sempre alguém que consegue falar com o público, desde o infantil até ao idoso”, ilustra.

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