Há um fotógrafo a combater o esquecimento nos jardins de Serralves, chama-se Manoel de Oliveira

Eis o homem da câmara de fotografar: é quase com uma fotografia por cada ano de vida do centenário cineasta portuense que a Casa do Cinema Manoel Oliveira dá a conhecer uma parte do seu inestimável acervo, num irresistível vis-à-vis entre imagem estática e imagem em movimento. Mas esta é também a história de como uma imagem pode constituir a obsessão de toda uma vida — e de como ela pode dar um filme.

Foto
Nelson garrido

Talvez se devesse começar por uma panorâmica. Colocada a câmara no arruamento que separa a Casa do Cinema Manoel Oliveira (CCMO) dos jardins de Serralves, começar a rodá-la da esquerda (da casa) para a direita. Ao fundo, uma minúscula placa perdida entre as árvores, uma só palavra: “ESQUECE”. Fixar aí o plano; zoom-in ou corte para um plano aproximado sobre a inerte injunção. E, então, tornar novamente a câmara para a esquerda, tornar ao cinema, à fotografia, às imagens… Se há algo inscrito na sua ontologia, é a feitiçaria contra o tempo, uma revolta perante o seu efeito destruidor. Justamente: perante o esquecimento. E, porém, é esse motto, essa exultação que o olho mais atento captará na chegada à exposição Manoel de Oliveira Fotógrafo, a decorrer até Abril de 2021 na CCMO.

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