Sob o signo da precaução, Lisboa volta a ser o epicentro do futebol europeu

A partir desta quarta-feira e até dia 23, a capital portuguesa recebe o formato sui generis da Liga dos Campeões, sem espectadores e com controlo sanitário. Só duas das oito equipas ainda em prova já venceram a competição.

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VALENTIN FLAURAUD/EPA

Seis anos depois de Lisboa ter consagrado Pepe, Fábio Coentrão e Cristiano Ronaldo na décima conquista da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, a capital portuguesa voltará, a partir desta quarta-feira, a ser o epicentro do futebol europeu. Num formato sui generis, culpa da pandemia de covid-19, a UEFA concentra nos próximos 12 dias em dois estádios (Luz e Alvalade) os quartos-de-final, as meias-finais e a final da competição e, já sem o actual (Juventus) e o anterior (Real Madrid) clubes de Ronaldo, há cinco equipas favoritas a chegarem no dia 23 ao jogo decisivo: Atlético Madrid, Barcelona, Bayern Munique, Manchester City e Paris Saint-Germain.

Os motivos não foram os melhores, mas, pela sexta vez neste século, Portugal prepara-se para receber a fase decisiva de uma grande competição organizada pela UEFA no escalão sénior. Depois de ter sido anfitrião do Campeonato Europeu (2004), da final da Taça UEFA (2005), do Europeu de sub-21 (2006), da final da Liga dos Campeões (2014) e da fase final da Liga das Nações (2019), o país bateu a concorrência de Frankfurt, Moscovo e Madrid, cidades que também foram consideradas para substituir Istambul, que, por força da covid-19, comunicou que não tinha condições para receber a final da prova.

Se, do ponto de vista organizativo, a mais importante competição de clubes da UEFA será atípica em 2019-20 (sem espectadores nos estádios e com testes ao novo coronavírus a serem aplicados a todas as comitivas das equipas participantes, antes da viagem para Lisboa e também já em solo português, se assim for solicitado pelas autoridades), na frente desportiva a presente edição também promete novidades. Com o actual detentor do título (Liverpool) já fora de prova, apenas dois (Barcelona e Bayern Munique) dos oito clubes que estarão em Lisboa já venceram a competição e, por capricho do sorteio, catalães e bávaros vão estar frente a frente na sexta-feira, no Estádio da Luz, naquele que será o confronto de maior cartaz dos quartos-de-final.

Se, do lado do Barcelona, haverá Lionel Messi, que mostrou estar em boa forma na recente vitória sobre o Nápoles, do lado do Bayern há um super-Lewandowski. Aos 30 anos, o polaco vive um grande momento e já apontou 13 golos nesta Champions. Se conseguir em Lisboa marcar por mais quatro vezes, igualará o recorde de Cristiano Ronaldo, que fez 17 golos na prova em 2013-14.

A luta por um lugar nas meias-finais começa, porém, esta noite às 20h, no Estádio da Luz, com um duelo entre um dos favoritos (Paris Saint-Germain) e uma das equipas-sensação do futebol europeu nesta época (Atalanta). Já sem Edinson Cavani, os franceses são favoritos, mas a falta de competição - apenas dois jogos oficiais desde 10 de Março - e a qualidade da Atalanta, de Gian Piero Gasperini, podem frustrar, mais uma vez, o objectivo do PSG de conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões. Isto, apesar dos muitos milhões que continuam a ser investidos pelo qatari Nasser Al-Khelaifi: os 36,8 milhões de euros que Neymar recebe por época chegavam para pagar o salário anual de todo o plantel da Atalanta.

Para amanhã, no Estádio de Alvalade, está marcado um jogo que pode ficar condicionado por questões sanitárias. No passado domingo, a cerca de 96 horas do início da partida frente ao RB Leipzig, o Atlético de Madrid anunciou que dois jogadores do plantel estavam infectados com covid-19, pondo toda a equipa em alerta. Mais tarde, o clube espanhol revelou que os infectados são Ángel Correa e Sime Vrsaljko - o croata já estava excluído das opções, devido a lesão. 

Sem Correa, mas com João Félix, o Atlético chegou ontem, um dia mais tarde do que o previsto, a Lisboa, decidido a repetir a presença na final de 2014, no Estádio da Luz, mas o primeiro obstáculo será um osso duro e roer e todo o plantel “colchonero” repetirá esta quarta-feira os testes à covid-19. 

Aparentemente sem problemas físicos e com uma só derrota nos nove jogos que disputou na Bundesliga após o confinamento, o RB Leipzig jogará em Alvalade sem pressão e, com jogadores da qualidade de Upamecano, Sabitzer ou Olmo, os alemães podem ser a surpresa da prova e prolongar a estadia em Lisboa. 

O puzzle das meias-finais ficará completo no sábado, mas, quando se esperava o regresso de Cristiano Ronaldo ao Estádio de Alvalade, será o Lyon que estará no caminho do Manchester City, de Bernardo Silva e João Cancelo. Para Pep Guardiola, que não voltou a vencer a Liga dos Campeões desde que abandonou Barcelona, em 2012, esta será uma oportunidade de ouro para ganhar pela terceira vez a competição. Contudo, se vencer o Lyon, terá em Lisboa um apetecível (e difícil) reencontro com uma das duas equipas que treinou antes de chegar a Manchester: Barcelona ou Bayern.

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