Covid-19. Trump retira oficialmente EUA da Organização Mundial de Saúde

Os Estados Unidos deram início ao processo de saída da OMS, que só sucederá dentro de um ano.

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O Presidente norte-americano, Donald Trump KEVIN LAMARQUE/Reuters

Washington e a ONU confirmaram esta terça-feira a notificação oficial sobre a saída dos Estados Unidos da América da Organização Mundial de Saúde (OMS), acusada pelos norte-americanos de tardar a reagir à pandemia do novo coronavírus.

O Departamento de Estado norte-americano e a própria ONU confirmaram que a notificação oficial foi entregue na segunda-feira ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na qualidade de mandatário da OMS.

A saída só será efectiva a 6 de Julho de 2021, embora possa ser revertida, tudo dependendo das eleições presidenciais norte-americanas de 3 de Novembro, caso o republicano Donald Trump, recandidato à presidência, seja derrotado pelo candidato democrata Joe Biden.

Segundo o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, o secretário-geral das Nações Unidas, na qualidade de depositário da OMS e de acordo com os estatutos da organização aprovados em 1946, “vai agora encetar o processo de verificação para apurar se estão reunidas todas as condições para a saída” dos Estados Unidos da OMS.

De acordo com as regras da retirada, os Estados Unidos devem cumprir as obrigações financeiras relativas à OMS antes de sair da agência, devendo actualmente cerca de 200 milhões de dólares (177 milhões de euros).

Momentos antes de o Governo norte-americano e da ONU confirmarem a entrega da notificação, o senador democrata Robert Menendez, membro da comissão senatorial dos Negócios Estrangeiros, indicou que Trump tinha retirado oficialmente os Estados Unidos da OMS. “O Congresso recebeu a notificação de que o Presidente retirou oficialmente os Estados Unidos da OMS em plena pandemia”, escreveu no Twitter o senador democrata.

Em fins de Maio, Trump anunciou que terminava o relacionamento entre os Estados Unidos e a OMS, que acusou de ser inapta na gestão da pandemia de covid-19.

O Presidente norte-americano alegou que a OMS não soube responder de forma eficaz ao seu apelo para introduzir alterações no seu modelo de financiamento, depois de já ter ameaçado cortar o financiamento norte-americano a esta organização das Nações Unidas, acusando-a de ser demasiado benevolente com o Governo chinês.

“Porque falharam em fazer as reformas necessárias e requeridas, terminamos o nosso relacionamento com a Organização Mundial de Saúde e iremos redireccionar os fundos para outras necessidades urgentes e globais de saúde pública que possam surgir”, disse Trump, em declarações aos jornalistas.

No início do mesmo mês, Trump tinha feito um ultimato à OMS, ameaçando cortar a ligação à organização se não fossem feitas reformas profundas na sua estrutura e no seu modus operandi.

Nessa altura, Trump suspendeu temporariamente o financiamento à OMS, no valor que está estimado em cerca de 400 milhões de euros anuais, o que corresponde a 15% do orçamento da organização.

O Presidente dos Estados Unidos acusou a OMS de ter feito uma gestão ineficaz de combate à pandemia de covid-19 e de ter sido conivente com o Governo chinês, alegando que Pequim reteve informação relevante sobre a propagação do novo coronavírus, que aumentou os riscos da crise sanitária global.

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