Encontrada uma ligação entre as frieiras e o SARS-CoV-2

Os exames feitos a sete crianças e jovens entre os 11 e os 17 anos detectaram uma relação entre as frieiras nos pés e nas mãos e o novo coronavírus.

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ADRIANO MIRANDA

Num estudo publicado na revista British Journal of Dermatology, relatam-se provas da existência de uma relação entre a covid-19 e frieiras que têm aparecido com alguma frequência nos pés e nas mãos de crianças e jovens infectados pelo coronavírus SARS-CoV-2. Embora controversa, esta ligação ficou já conhecida como “pés de covid”​.

Na maioria dos casos, os indivíduos com frieiras têm resultados negativos nos testes convencionais que procuram a presença do novo coronavírus através do seu material genético ou de anticorpos em circulação no organismo, refere um comunicado do grupo editorial da British Journal of Dermatology. No entanto, uma equipa de investigadores espanhóis encontrou vestígios do SARS-CoV-2 em biópsias à pele de crianças e jovens que tinham já tido testes negativos.

O estudo baseou-se em exames a sete doentes de pediatria, quatro rapazes e três raparigas, com idades entre os 11 e os 17 anos. Todos tinham frieiras na pele dos pés e calcanhares, e um deles tinha ainda lesões associadas a eritema multiforme nos cotovelos e joelhos. O vírus foi detectado nas células endoteliais dos vasos sanguíneos da pele, bem como nas glândulas produtoras de suor. Numa das biópsias, as imagens obtidas por microscópio electrónico também revelaram a presença de partículas virais nas células endoteliais, nota ainda o comunicado.

“Embora as características clínicas e histopatológicas sejam semelhantes a outras formas de frieiras, a presença de partículas virais no endotélio e as provas histológicas de danos vasculares apoiam a existência de uma relação causal entre as lesões e o SARS-CoV-2”, lê-se no artigo científico.

“Os nossos resultados fundamentam uma relação causal entre o SARS-CoV-2 e os pés de covid. Danos endoteliais induzidos pelo vírus podem ser o mecanismo-chave que causa estas lesões”, explica no comunicado a principal autora do estudo, Isabel Colmenero, do Hospital Universitário Pediátrico Menino Jesus, em Espanha. “Além disso, as lesões vasculares podem explicar algumas características clínicas observadas em doentes graves com covid-19.” 

Texto editado por Teresa Firmino

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