O desafio da doença mental e a radicalidade do suicídio

“Isso passa”, “não fiques assim” ou “não tens razão para estar desse modo”, “lembra-te das criancinhas de África”, é o mesmo que mandar um perneta andar, pois ainda tem uma perna, que se não aborreça por não fazer o mesmo que fazia antes, por haver gente no mundo que sofre mais que ele/ela. Adianta nas doenças físicas? Porque raio havia de funcionar nas mentais?

Se há pensamentos transversais à História da Humanidade, um deles é o modo como a doença mental é encarada. Ou, se quisermos, como se promove a saúde mental. O bobo da corte padecia amiúde de distúrbios mentais, o desconhecido e o diabólico sempre foram ligados a um domínio incompetente das faculdades cerebrais – vejam-se as bruxas, os curandeiros, os magos, os guardiões do templo, aqueles que nas vísceras de animais adivinham triunfos ou derrotas em batalhas. As religiões monoteístas não fizeram diferente e o louco aparece como alguém digno de pena, mas, por assim ser, é também a voz da divindade, visto que esta, como o tolo, não tem freios na língua: dizem a realidade como o ser-que-é e não como o ser-que-convém-dizer.

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