Mosquito foi bem recebido pela crítica na estreia francesa

Filme de João Nuno Pinto integrou o cartaz da reabertura das salas de cinema do país.

Foto
DR

Depois de uma carreira de apenas uma semana na sua estreia portuguesa, no início de Março, devido ao encerramento das salas por causa da pandemia da covid-19, e de ver também adiada a sua estreia em França, Mosquito, de João Nuno Pinto, teve honras de integrar, no passado dia 22, o cartaz da reabertura dos cinemas franceses, e viu-se bem recebido pela crítica.

A segunda longa-metragem do realizador de América (2010), que conta uma história real vivida em Moçambique durante a I Guerra Mundial, recebeu uma média muito positiva de classificações — entre as 5 estrelas do site cultural aVoir-aLire.com, as 4 de críticos de jornais como o Ouest France ou revistas como a Positif e a Télérama, as 3 do Le Monde e Le Nouvel Observateur, e as estrelas isoladas do Libération e da Première.

A passar em duas dezenas de salas no país — nota o comunicado da Leopardo Filmes, realçando que “Mosquito conquista da crítica francesa” —, a longa-metragem protagonizada por João Nunes Monteiro no papel do soldado Zacarias, inspirado pela experiência do avô do realizador no 4.º Corpo Expedicionário Português em África, levou o crítico da Télérama, Louis Guichard (4 estrelas), a lembrar-se de Tabu (2012), de Miguel Gomes. “Mosquito é menos barroco, mas identificamos nele a mesma melodia cativante de uma voz off desenredando as memórias de um narrador português chegado a África (com 17 anos) durante a I Guerra Mundial. Ele queria conhecer o mundo, superar-se e defender a sua pátria contra o inimigo alemão. Abandonado pela sua unidade, parte à procura desta, a pé, percorrendo milhares de quilómetros, primeiro com dois ajudantes de campo moçambicanos, e depois completamente só”, escreve o crítico francês.

Já Laurent Cambon, da aVoir-aLire.com (5 estrelas), vê no filme de João Nuno Pinto “uma página aberta sobre a crueldade do mundo, os destroços da escravatura e o horror da discriminação racial”. “Mosquito é uma longa-metragem imensa, que permitirá aos espectadores sair dos seus ambientes confinados para penetrar os mistérios espirituais desta grande viagem onde o nosso herói apreende os limites da animalidade do homem”, acrescenta o crítico.

Nicolas Bauche, da Positif (4 estrelas), escreve que “Mosquito põe em imagens o racismo do início do século XX e inverte os dados numa narrativa iniciática de pesadelo.”

Menos convencido com a eficácia da estética do realizador português mostra-se o crítico do Libération, Luc Chessel (1 estrela), que lhe realça o “kitsch sensorial” marcado por um excesso de “efeitos visuais e sonoros”.

Produzido por Paulo Branco, Mosquito teve a sua estreia mundial em Janeiro, logo na abertura do Festival de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos. Depois da interrupção durante o estado de emergência e de calamidade, regressou às salas portuguesas no dia 1 de Junho, a marcar a reabertura do Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.

Sugerir correcção