Primeiro caso em Portugal foi há três meses. Dos infectados, 60% já recuperaram

Desde o dia 2 de Março, altura em que foi confirmado o primeiro doente em território português, já foram notificados 32.700 casos — o que significa que a infecção pelo novo coronavírus atingiu 0,32% da população portuguesa.

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Manuel Roberto

Três meses. Foi a 2 de Março que se registou, em Portugal, o primeiro caso positivo de SARS-CoV-2, o novo coronavírus que já infectou 0,32% da população portuguesa, de acordo com os dados disponibilizados pela Direcção-Geral da Saúde. Mais de metade (60%) dos 32.700 portugueses que tiveram resultado positivo no teste à covid-19 conseguiram recuperar. Eram, nesta segunda-feira, 19.557.

O primeiro caso confirmado em território português foi um médico de 60 anos, regressado do Norte de Itália e internado num hospital no Norte do país. Apenas 16 dias depois, era decretado o estado de emergência pela primeira vez na história da democracia, com 642 casos confirmados e três mortes. O estado de emergência foi sendo renovado e esteve em vigor entre 22 de Março e 2 de Maio. 

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O Norte foi a região onde começaram a verificar-se os primeiros casos e onde a situação começou mais cedo a preocupar as autoridades. Olhando para os dados acumulados, é nessa região que se concentra o maior número de casos positivos: 16.760 desde Março.

Contudo, ao longo dos meses, os holofotes foram-se afastando dessa região e passaram a estar cada vez mais centrados em Lisboa e Vale do Tejo. Actualmente com vários focos activos da doença, a região concentra 96% dos casos reportados no último dia de Maio. Registou até agora 11.335 infectados e uma taxa de letalidade de 3,3%, mais baixa do que a média nacional de 4,4%.

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É no Centro e no arquipélago dos Açores que a taxa de letalidade é mais elevada. Na segunda-feira era de 6,4% e 10,9%, respectivamente. No caso dos Açores, contudo, registaram-se poucos casos de infecção quando comparado com outras regiões. Foram 137, com 15 mortes.

58% dos óbitos aconteceram em Abril

Passaram-se apenas três meses desde o primeiro caso positivo, “mas parece que se passaram três anos”, avalia Ricardo Mexia, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, e uma das presenças mais assíduas na comunicação social nos últimos meses para ajudar a explicar a evolução da doença no país. “Conseguimos evitar o crescimento exponencial, mas também ficaram à vista algumas das insuficiências do sistema, quer do ponto de vista dos sistemas de informação, dos recursos humanos e, numa fase inicial, dos testes e do equipamento de protecção individual”, afirma.

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Estas insuficiências não tiveram consequências “graves”, defende, mas há “coisas que podiam e deviam ter corrido melhor”. O atraso na corrida aos equipamentos de protecção individual é exemplo disso: “Fomos ao mercado tardiamente e isso resultou numa taxa de infecção de profissionais de saúde que é muito acima da média da OCDE.”

O Serviço Nacional de Saúde conseguiu responder ao aumento da procura “à custa de ter interrompido tudo o resto” e “a situação acabou por evoluir num sentido positivo”, avalia Ricardo Mexia.

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Os dados mostram que 58% dos óbitos aconteceram no mês de Abril, o mesmo mês em que se registaram 52,7% das infecções notificadas até agora. Mas os especialistas alertam: a hipótese de uma segunda vaga não está fora da mesa e a “batalha não está ganha”, como afirmou a secretária de Estado adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, na conferência de imprensa da Direcção-Geral da Saúde nesta segunda-feira.

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