Polícia de Minneapolis matou homem negro. Quatro agentes foram despedidos

“Não consigo respirar”, dizia George Floyd, a quem um polícia pôs um joelho no pescoço até lhe causar a morte. Estava desarmado. “Ser negro na América não deve equivaler a uma sentença de morte”, disse o presidente da câmara.

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LUSA/CRAIG LASSIG
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A polícia reprimiu a manifestação com gás lacrimogéneo Reuters/TWITTER/ @SCIENCEBYMAIL
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Participante na manifestação Reuters/ERIC MILLER

Quatro polícias de Minneapolis foram despedidos na madrugada desta quarta-feira, por terem causado a morte de um homem negro, desarmado, que foi imobilizado na rua por um dos agentes com um joelho em cima da sua garganta até ser morto. Um vídeo divulgado no Facebook mostra a operação policial e ouve-se George Floyd a dizer: “Não consigo respirar.”

A morte ocorreu na segunda-feira, e na madrugada de terça para quarta, depois de ser divulgado o vídeo, milhares de manifestantes foram para as ruas, e um grupo tentou invadir a esquadra de onde eram os polícias que mataram George Floyd, de 47 anos. Os manifestantes atiraram garrafas de água e outros projécteis, descreve o jornal Minneapolis Star-Tribune. Polícia com equipamento antimotim tentou dispersar o protesto, usando gás lacrimogéneo e armas não letais.

“Ser negro na América não deve ser equivalente a uma sentença de morte”, afirmou o presidente da câmara Jacob Frey, visivelmente abalado, citado pelo jornal local, frisando que o agente usou uma manobra não autorizada contra George Floyd. Os polícias estavam a deter Floyd porque correspondia à descrição de alguém que pagou uma compra com uma nota falsa de 20 dólares.

“Durante cinco minutos, vimos um polícia branco pressionar o joelho contra o pescoço de um homem negro. Cinco minutos. Quando se ouve alguém a pedir ajuda, é suposto ajudarmos. Este agente falhou no sentido mais básico, mais humano”, declarou o mayor de Minneapolis. George Floyd morreu já no hospital.

O chefe da polícia de Minneapolis tinha anunciado o despedimento destes quatro agentes na terça-feira de manhã, e ao mesmo tempo revelou que, a seu pedido, o FBI vai investigar o que se passou. O mayor, no entanto, disse que, seja qual for o desenlace da investigação, o factor raça foi importante na morte deste homem em custódia da polícia. Foi Jacob Frey que anunciou o despedimento dos polícias no Twitter. “Esta é a decisão certa”, afirmou.

“Deviam ser acusados de homicídio”, disse à CNN Philonise Floyd, irmã de George Floyd. “Tiraram uma vida. Merecem ser condenados à prisão para toda a vida.”

A estrela do basquetebol LeBron James partilhou no Instagram uma imagem do polícia com o joelho em cima do pescoço de George Floyd lado a lado com outra do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, ajoelhado, e a legenda “compreendem porquê. Kaepernik ajoelhou-se quando tocou o hino dos EUA, num protesto contra a injustiça racial e a violência policial que gerou tanta polémica que acabou desempregado - até o Presidente Donald Trump se meteu ao barulho com os seus tweets.

O relatório inicial do incidente apresentado pelos agentes que tentaram deter George Floyd menciona apenas que o suspeito resistiu à detenção, e “parecia estar alterado”. Dizia que lhe tentaram pôr as algemas e que notaram que parecia “ter sofrimento que necessitava atenção médica”, sem esclarecer a origem desse sofrimento, diz o New York Times.

O caso traz à memória o de Eric Garner, morto em 2014 em Nova Iorque, quando foi imobilizado pela polícia numa manobra equivalente, porque estaria a vender cigarros ilegalmente — e também dizia aos polícias: “Não consigo respirar.”

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