Salão Automóvel de Genebra cancelado após Governo suíço proibir eventos com mais de mil pessoas

A feira suíça é a mais completa montra do que a indústria faz em palco europeu. Vários especialistas acusam a organização de ter adiado em demasia a decisão de cancelar o evento, numa altura altura em que há pelo menos 15 casos confirmados de Covid-19 no país.

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O Salão Automóvel de Genebra é um dos principais eventos anuais do sector Reuters/PIERRE ALBOUY
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A organização do Salão Automóvel de Genebra confirmou esta sexta-feira, em conferência de imprensa, o cancelamento da 90.ª edição da feira, após a medida tomada pelo Governo suíço de proibir quaisquer eventos com mais de mil pessoas para combater o surto pelo novo coronavírus.

“Lamentamos esta situação, mas a saúde de todos os participantes e expositores é a nossa prioridade”, afirmou a organização, em comunicado. No documento publicado, esta manhã, é explicado que a decisão foi tomada seguindo a ordem do Governo suíço, que estará em vigor, pelo menos, ao dia 15 de Março. “Este é um caso de força maior e uma tremenda perda para os fabricantes, que investiram massivamente na sua presença em Genebra. No entanto, estamos convencidos que os mesmos entenderão esta decisão “, disse o presidente da Palexpo, que organiza o salão, Maurice Turrettini.

A edição deste ano do Salão Automóvel de Genebra foi questionada por várias vezes ao longo dos últimos dias, sobretudo depois de o Salão Internacional de Invenções de Genebra, que atrai menos gente, ter sido cancelado. Outros eventos, como o Mobile World Congress, em Barcelona, foram cancelados após a desistência de importantes expositores. Mas a organização manteve sempre a intenção de manter o calendário da feira, que deveria arrancar na próxima terça-feira, dia 3 de Março, com duas jornadas dedicadas aos profissionais do sector; a abertura ao público estava prevista para dia 5, com o salão a decorrer até dia 15 no Pavilhão de Exposições de Genebra. 

Uma decisão que peca por tardia, segundo vários especialistas. Para o consultor para o sector automóvel da empresa GlobalData, David Leggett, ​“os muitos expositores e participantes têm o direito de estar muitíssimo desapontados por o evento não ter sido cancelado pelos organizadores mais cedo”. “A crise de saúde pública causada pelo surto de Covid-19 chegou esta semana com cidades inteiras de quarentena no Norte da Itália e os primeiros casos confirmados na Suíça. No entanto, os organizadores do Salão Automóvel de Genebra aderiram obstinadamente à ideia de que [o salão] poderia realizar-se e emitiram directrizes de saúde para expositores e participantes, na quarta-feira.”

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Ao longo desta semana, foram várias as marcas que emitiram notas internas para limitar a participação dos seus funcionários no salão, tendo o CEO da Brembo, especialista italiana em sistemas de travagem, decidido cancelar um pequeno-almoço que tinha agendado com a imprensa para a próxima quarta-feira. Em Portugal, o Grupo Salvador Caetano, que detém, entre outras, a distribuição dos emblemas Toyota e Lexus, decidiu na quinta-feira não participar no salão.

O Salão Automóvel de Genebra, que há um ano atraiu mais de 600 mil pessoas, é a mais completa montra do que a indústria faz em palco europeu, com as marcas de todo o mundo a aproveitarem o facto de a Suíça ser território neutro para revelarem as suas principais novidades. Este ano, eram aguardados com grande expectativa a nova geração do Audi A3, uma versão eléctrica do icónico Fiat 500, um facelift do desportivo Honda Type R, os i20 e i30 da Hyundai, a versão coupé do Mercedes AMG GT 4 portas, com a nova motorização híbrida do motor V8 4.0 litros e mais de 800cv, os novos Seat Leon e Toyota Yaris, além da versão apimentada do Golf, que, no fim de 2019, chegou à sua oitava geração.

O vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, foi detectado em Dezembro na China e já provocou pelo menos 2867 mortos, tendo sido confirmados, até agora, 83.774 casos, com 36.654 destes a integrarem a lista de pessoas que recuperaram da doença. A Suíça tem, de momento, 15 casos confirmados de coronavírus.

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