Protestos, coronavírus, clássicos e atrevimentos na Semana da Moda em Londres

Clássicos, propostas arrojadas, momentos de pura diversão. E, mesmo com protestos à porta, a Semana da Moda de Londres, que se realizou entre os dias 14 e 18 de Fevereiro, impôs-se num cenário mais pobre por causa do coronavírus.

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Bobby Abley inspirou-se nos Mínimos HENRY NICHOLLS/Reuters
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O desfile da Burberry HENRY NICHOLLS/Reuters
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Molly Goddard é uma jovem designer HENRY NICHOLLS/Reuters
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As propostas de Richard Quinn HENRY NICHOLLS/Reuters
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As sugestões da marca Roksanda HENRY NICHOLLS/Reuters
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Tommy Hilfiger desfilou na Tate Modern HENRY NICHOLLS/Reuters
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As propostas de Victoria Beckham HENRY NICHOLLS/Reuters
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Vivienne Westwood e a influência punk HENRY NICHOLLS/Reuters
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Vivienne Westwood HENRY NICHOLLS/Reuters

Não foi a Semana da Moda mais tranquila que Londres já assistiu. Numa altura em que o mundo acompanha o desenvolvimento da epidemia de coronavírus, o evento foi alvo de várias medidas extraordinárias e, pelas ruas, não faltaram protestos contra o uso de matérias-primas de origem animal ou a apelar por uma moda mais preocupada com o planeta. Ainda assim, as passerelles não pararam e receberam propostas arrojadas, mas também ideias clássicas de selos de prestígio que reuniram consenso entre a assistência.

Exemplo disso foi a colecção levada pelo designer Riccardo Tisci cuja missão, nos últimos tempos, tem passado por repensar a Burberry. Apoiado pelas conhecidas modelos norte-americanas Kendall Jenner, Bella Hadid e Gigi Hadid e pela russa Irina Shayk, Tisci revelou propostas que incluíram gabardinas em camelo e padrões xadrez em preto e vermelho, além de referências à tradicional alfaiataria inglesa, com uma predominância de tons neutros, sem esquecer roupas desportivas vintage.

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Burberry Henry Nicholls/Reuters

Os clássicos marcaram também o desfile apresentado pela ex-Spice Victoria Beckham que, citada pela Reuters, caracterizou a sua colecção como uma “suave rebeldia”: (muitos) vestidos pretos que ganhavam personalidades distintas quando combinados com diferentes cintos e botas de cano alto.

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Victoria Beckham Henry Nicholls/Reuters
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Também o designer norte-americano Tommy Hilfiger, de ascendência irlandesa, não virou as costas ao passado, levando à Tate Modern uma colecção marcadamente desportiva, fruto da colaboração da marca com o campeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton. Num tom informal, o desfile contou com a supermodelo Naomi Campbell, que continua a desafiar o estereótipo de que à beira dos 50 anos já não se caminha nas passerelles mundiais; com a britânica Georgia May Jagger (filha do Rolling Stone Mick Jagger); ou com a brasileira Alessandra Ambrósio.

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Tommy Hilfiger Henry Nicholls/Reuters

Richard Quinn, de quem se espera sempre algum romantismo embrulhado em cores fortes, com um toque hard core, não desiludiu os fãs. A colecção foi apresentada como se se estivesse num casamento, incluindo até uma noiva com um hijab bordado. Pelas propostas sobressaíram as cores fortes, como os verdes garrafa ou os vermelhos rosa, e os motivos florais, com cortes a lembrarem os modelos da década de 80 do século passado. Mas o que mais impressionou foi a vontade de ir mais além na criatividade, com padrões que, ao estilo de um camaleão, faziam com que as manequins simplesmente fossem absorvidas pelo cenário.

Richard Quinn Henry Nicholls/Reuters
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Richard Quinn Henry Nicholls/Reuters

As cores fortes também marcaram presença na colecção de Molly Goddard, que tem feito jus ao facto de ter sido descrita, desde que surgiu, como um nome promissor da moda britânica. A visão própria de feminilidade da designer continua intacta, cruzando tules e folhos com uma invejável liberdade e sempre com os pés bem assentes na terra, criando roupa que qualquer um pode usar no quotidiano.

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Molly Goddard Henry Nicholls/Reuters

Pelo contrário, Bobby Abley não se focou no básico e atreveu-se a criar uma colecção que pareceu mais um caleidoscópio de divertidas estampagens — e nem os Mínimos de Gru, O Mal Disposto faltaram à chamada. O amarelo e o azul foram as suas cores de eleição, assim como aconteceu com Vivienne Westwood que, juntando àquelas o verde e o vermelho, propôs uma imersão no movimento punk. Além disso, a designer, conhecida pelo seu activismo, voltou a aproveitar o momento para dar voz aos seus protestos: este ano, pelo ambiente, pela sustentabilidade e, sobretudo, pela libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Bobby Abley Henry Nicholls/Reuters
Vivienne Westwood Henry Nicholls/Reuters
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Bobby Abley Henry Nicholls/Reuters

Protestos marcam semana londrina

“Não fiquemos cegos pelo brilho”, apelou Leigh McAlea, porta-voz da Traid, uma instituição de beneficência que recicla roupas, num recado à organização da Semana da Moda de Londres para banir o uso de lantejoulas. “As lantejoulas são brilhantes e atraentes. São realmente divertidas — mas se se pensar no que acontece com as lantejoulas, [que permanecem] no ambiente por centenas de anos, [as mesmas] tornam-se menos divertidas”, explicou, em declarações à Reuters.

Também o grupo activista Extinction Rebellion marchou nas ruas londrinas por uma abordagem mais sustentável da moda, com a modelo Arizona Muse a juntar-se aos protestos, chamando a atenção para a “situação chocante [em que estamos]”.

No entanto, a manequim, que já desfilou por marcas como Chanel, Estée Lauder, Prada, Louis Vuitton e Yves Saint Laurent, não se mostra contra estes eventos. “Pessoalmente, não quero que a semana de moda desapareça; acho que é um momento incrível que podemos aproveitar para educar e inspirar”, disse Muse à Reuters, acrescentado que “precisamos de aproveitar esse poder e mudar a percepção do que é moda sustentável”.

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Já os activistas da organização de defesa dos animais PETA criaram uma espécie de instalação humana, durante a qual apelaram ao fim do uso de pele de animal na criação do vestuário e acessórios de moda. “Cabedal é a pele de alguém. Usa vegan.”

Viver a moda no meio de uma epidemia

A Semana da Moda de Londres realizou-se não obstante o facto de, por todo o mundo, inúmeros eventos terem sido adiados ou cancelados — na China, mas também noutras localizações — como consequência da epidemia de coronavírus, entretanto designado de SARS-CoV-2 e que provoca a doença Covid-19. No entanto, os efeitos desta doença, que já matou 2012 pessoas, não deixaram de ser sentidos.

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Os recipientes com desinfectante para mãos passou a fazer parte da decoração e vários designers tiveram grandes dificuldades em apresentar as suas colecções, com o encerramento das linhas de produção em fábricas chinesas.

“Tivemos um designer que não foi capaz de se apresentar porque a sua colecção não chegou da China devido a problemas de logística”, contou a presidente-executiva do Conselho de Moda Britânica, Caroline Rush, à Reuters.

Porém, foi entre a audiência que se sentiu uma maior diferença, com a quase ausência de parceiros chineses, o que representa um enorme golpe para as marcas de moda — em 2018, segundo a Bain & Company, os gastos chineses representaram um terço das vendas no mercado global de luxo.


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