França vai proibir o abate em massa (e sem anestesia) de pintainhos machos

Depois da Suíça, os aviários franceses vão parar o “massacre” de pintainhos machos, que são triturados horas depois de nascerem por não serem economicamente viáveis. PAN vai “pedir informação concreta ao Governo” sobre estas práticas em Portugal, esperando “promover as alterações legislativas necessárias para pôr fim” às mesmas.

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Reuters

É uma prática controversa e contestada por muitos grupos de defesa animal, mas comum. Poucas horas depois de nascerem, os pintainhos são separados consoante o sexo e os que forem machos são mortos, sem anestesia: triturados, asfixiados em sacos de plástico ou electrocutados. 

A França vai tornar-se num dos primeiros países a banir o abate em massa de pintos que não são viáveis para os aviários, quer por não porem ovos, quer por não ser economicamente viável engordá-los, anunciou, em conferência de imprensa, o ministro da Agricultura francês, Didier Guillaume, na terça-feira. “A partir do final de 2021, nada vai ser como dantes”, prometeu.

A determinação do sexo do embrião dentro do ovo, ainda antes da eclosão, já é possível, mas ainda é necessário furar cada um dos ovos para recolher uma amostra e depois fazer uma selecção, técnica que a maior parte das unidades de produção de animais alega não ser eficiente. Em 2o15, um vídeo de um activista israelita a desligar uma máquina de trituração de pintainhos vivos, e a desafiar um agente da polícia a voltar a ligá-la, tornou-se viral e chamou a atenção para o “massacre” de sete mil milhões de crias todos os anos em todo o mundo. 

O PAN – Pessoas, Animais e Natureza sabe “que as práticas de trituração e mutilação de animais na indústria pecuária são também, infelizmente, uma realidade em Portugal”, respondeu ao P3 por escrito Inês Sousa Real. ​A líder do grupo parlamentar do PAN disse que o partido iria “começar por pedir informação concreta ao Governo” sobre a aplicação destes métodos em Portugal, para depois reunir “condições para promover as alterações legislativas necessárias para pôr fim” aos mesmos. “Falamos de práticas de abate particularmente cruéis, que consistem na morte por trituração ou asfixia de mil milhões de animais (como é o caso dos pintainhos), assim como a mutilação, castração, ou arranque de dentes dos leitões sem anestesia.”

O ministro francês anunciou ainda que a partir do próximo ano vai tornar-se obrigatório anestesiar os leitões antes de os castrar. Em Novembro de 2019, a secção alemã da PETA entregou no Tribunal Constitucional Federal uma queixa contra o governo alemão, em nome dos bácoros, por “violar os direitos constitucionais” desses animais.

Para Brigitte Gothière, co-fundadora da​ L214 Ethique et Animaux, uma associação francesa de protecção animal, a estas medidas faltam “ambição e vontade política” para lidar com “problemas básicos, como o modelo de produção intensiva e as condições de abate”. “É uma medida que peca por tardia e que esperamos que seja implementada noutros países como Portugal”, concordou Inês Sousa Real.

Em Setembro de 2019, a Suíça proibiu o abate de pintos em massa, prática que já era pouco comum no país; a medida entrou em vigor no início deste ano. Também no final do ano passado, a Alemanha e a França anunciaram que iriam trabalhar juntas para terminar com o abate em massa. 

Em Dezembro de 2018, começaram a ser comercializados na Alemanha ovos com o selo "respeggt", depois de a cadeia de supermercados alemã Rewe Group apresentar o Seleggt GmbH, um teste que permite, num segundo, detectar o sexo do embrião ainda dentro do ovo. Um laser perfura a casca para retirar a amostra: caso o embrião seja masculino, o ovo é destruído para produzir ração animal, terminando assim com o abate dos pintos machos. 

Notícia actualizada com as respostas da líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real. 

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