Cartas ao director

Isabel dos Santos

Julgo que qualquer cidadão português medianamente informado “sabia” que a fortuna de Isabel dos Santos (…) tinha sido obtida com favores do seu pai, que foi Presidente da Republica Popular de Angola durante décadas. Dada a indesmentível falta de quadros em Angola, é natural que Isabel dos Santos os procurasse em Portugal, antiga potência colonial, que sempre quis manter boas relações com todas as ex-colónias.

Investir em empresas a operar em Portugal (o que não é exactamente o mesmo do que empresas portuguesas) parece uma realidade que vem por arrastamento e, como a Economia é privada, o Estado português nada tem a ver com o assunto. E, se tivesse, a que título é que impediria esse investimento estrangeiro? Será que outros países europeus se preocupam com a origem do dinheiro que os milionários russos investem nas suas terras?

Claro que muitas individualidades cá do sítio, nomeadamente políticos, se envolveram com Isabel dos Santos e com as empresas em que ela tinha participação relevante. Daí a que se diga que Portugal se transformou numa lavandaria de dinheiro vai um abismo. Claro que a hipocrisia portuguesa fica horrorizada por ver “preto no branco” o que estava farta de saber. O cidadão comum apenas vê confirmado aquilo de que desconfiava.

Carlos Anjos, Lisboa

Ainda Rui Pinto

Se a “PJ suspeita que Rui Pinto é o denunciante dos Luanda Leaks” (PÚBLICO, 25 de Janeiro), então Rui Pinto merece uma estátua. Nunca os comandos de investigação portugueses tiveram tanta informação sobre corrupção graças a este mestre da ciência da computação. Que teia de poderes levaram Rui Pinto à preventiva? É o poder do Benfica? São outros poderosos com receio que se lhes veja a careca? É a Justiça portuguesa querendo mostrar serviço? Rui Pinto deveria ser contratado pela Polícia Judiciária. Teríamos todos a ganhar com essa aquisição.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

A floresta e os fogos

Chove e faz frio na nossa floresta e, por isso, ninguém quer ouvir falar de fogos. Mas convinha começar a pensar no que fazer à floresta para evitar os incêndios estivais. O Governo legislou sobre a limpeza da floresta em volta de casas isoladas ou conjuntos de casas e principalmente das estradas. (…) Mas, pelo menos no concelho de Ourém, quase ninguém cumpriu a lei e não parece que os poderes políticos (quer Central, quer Local) consigam fazer qualquer coisa sem alterações legais.

Em resumo, a propriedade florestal está completamente abandonada, porque os donos da floresta emigraram ou pelo menos saíram do concelho. Falo em “donos da floresta” e não em proprietários, porque em imensos casos (talvez até a maioria) o proprietário legal é um antepassado já morto e enterrado. (...) Ou o Estado passa a ter outras outras armas para intervir na floresta ou tudo continuará na mesma, salvaguardando a sacralidade da propriedade abandonada e pondo em risco outras propriedades, talvez menos sagradas.

Victor Macieira, Ourém

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