Cartas ao director

Será o deputado Cotrim verdadeiramente liberal?

Recentemente, o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, na AR, a propósito dos fundos europeus, afirmou que o principal objectivo do país deveria ser viver sem eles, e terminou com a gasta e falsa frase-cliché: “o socialismo dura até terminar o dinheiro dos outros.” Nós vivemos em socialismo? Em Portugal e na UE?

Esquece-se de que todos os países contribuem, o dinheiro é de todos e todos dele beneficiam, cada um de sua maneira: até a Alemanha recebe fundos europeus. Vivemos num mundo em que o mediatismo e o impacto comunicacional do que se diz no público contam mais do que a verdade, que devia ser a essência do discurso.

Pergunto: irá o deputado Cotrim prescindir dos cerca de 190 mil euros por ano, ao longo da legislatura, a que o seu partido tem direito? E prescindiu dos cerca de 100 mil euros para as despesas da campanha eleitoral? Isto é dinheiro dos outros, nosso, dos nossos impostos. Será o deputado Cotrim um verdadeiro liberal ou tudo não passa de um jogo de palavras?

Já quanto ao ordenado como deputado, acho que é merecido, para o compensar do enorme esforço de dizer estas coisas sem se rir.

Manuel Henrique Figueira, Palmela 

Greta

Não havendo quaisquer dúvidas que estamos a ter graves problemas com o clima, talvez só se atenuem se todos nós e cada um fizermos no nosso quotidiano “algo pelo ambiente”. Não será só “idolatrar” uma jovem, que pode ter grande vontade de melhorar o que está mal - e será muito -, que vai resolver o problema do clima. Está-se a olhar para a jovem mensageira e a excluir a possível mensagem que quer transmitir. Muito barulho. Muitas manifestações. Talvez demasiadas distracções, muito coloridas e festivas. E quais os objectivos a alcançar? Quais os desperdícios a combater? Quais as metas a seguir? Muito menos automóveis de uso individual, total abolição no nosso quotidiano de plástico, apagar a luz que não está a ser necessária, etc.. Temos de mudar nós, com verdadeira vontade.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

Os jovens também fazem política

Os jovens parecem ver a política com uma cada vez maior indiferença. Ou pelo menos, é aquilo que nos é dito frequentemente. Numa época em que tudo está constantemente sob mudança, exige-se aos jovens que façam a política de sempre (o mesmo tradicionalismo do qual se afastam). Deve exigir-se aos jovens que mudem e que sejam a mudança que querem quando tudo o resto se exibe inerte? Estes já não seguem os moldes de fazer política predefinidos. Fazer política por outros meios não é sinónimo de não fazer política. 

Dar assento parlamentar a jovens, maioritariamente advindos das jotas, não me soa como a solução, de longe. Da minha curta experiência sei dizer que o grosso não está lá pelo espírito jovem de mudança, mas sim pelo espírito político de assegurar o que lhes é benéfico aos interesses pessoais. Os jovens são lidos como um pedaço considerável da disfunção política, devido à sua desafeição pelo tópico. Contudo, não seria mais útil ver estes jovens contemporâneos como a solução verdadeira? 

Leandro Matias, Pataias

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