Olivier Latry regressa ao órgão sinfónico da Igreja de Cedofeita

Organista da catedral de Notre-Dame de Paris abre esta quinta-feira o programa musical da primeira bienal de órgão e arte sacra da igreja portuense.

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Olivier Latry DR

Dezanove anos depois de se ter estreado no recém-inaugurado Grande Órgão de Tubos da Igreja de Cedofeita, Olivier Latry (n. 1962), um dos organistas titulares da catedral de Notre-Dame de Paris, volta a tocar esta quinta-feira no templo portuense, a abrir o programa da sua 1.ª Bienal de Órgão e Arte Sacra.

O instrumentista francês vai interpretar um reportório eclético, balizado entre um compositor seu conterrâneo do século XVIII, Claude-Bénigne Balbastre, e um grande nome da música do século XX, Olivier Messiaen – de quem Latry é um estudioso e um especialista, tendo gravado para a Deutsche Grammophon a sua integral de órgão precisamente tocada na catedral parisiense.

Mas o reportório do concerto desta quinta-feira, que começa às 21h30, inclui também peças de Bach e Marcel Dupré, ao lado de outras de César Franck, Gaston Litaize e Jean Langlais. E termina com uma “improvisação” do próprio Olivier Latry.

O pretexto para o lançamento da nova bienal, diz ao PÚBLICO o seu director artístico, André Bandeira, é a passagem do 20.º aniversário da instalação do Grande Órgão de Tubos da Igreja de Cedofeita. “O nosso propósito inicial era que Olivier Latry viesse abrir a bienal no próprio dia de aniversário, 11 de Novembro, dia do padroeiro São Martinho, mas a sua agenda não o permitiu”, explica o também organista e professor do Conservatório de Música do Porto.

A escolha de Latry foi justificada pelo desejo de “imprimir um grau de exigência e nível artístico o mais elevados possíveis”, justifica André Bandeira, estendendo esse critério à escolha dos dois outros organistas convidados para tocar no órgão de Cedofeita no próximo ano: o holandês Sietze de Vries (21 de Março) e o alemão Dirk Elsemann (7 de Novembro).

Aposta no ensino da música coral

Construído pela firma suíça Orgelbau Kuhn AG, o órgão de Cedofeita é um órgão de características sinfónicas, que permite a execução de reportórios eclécticos, que vêm da música barroca até à música contemporânea.

O lançamento desta primeira edição da bienal, pensada para ter continuidade no futuro, surge na sequência das obras de reparação da igreja, e do próprio órgão de tubos, depois do incêndio que os danificou em 2017. Entre as peças de arte afectadas pelo fogo no edifício projectado pelo arquitecto António Cerejeira Fontes estão os vitrais e tapeçarias desenhados por Júlio Resende, além do baptistério e de algumas esculturas históricas.

Com a necessidade de proceder às obras de restauro, a paróquia de Cedofeita aproveitou para reorganizar também o espaço de celebração litúrgica, ao que acrescentou um programa pedagógico e de animação, que passa por uma escola de liturgia e deverá incluir, no futuro, uma aposta no ensino da música coral.

Para já, a ambição cultural da Paróquia de Cedofeita está expressa no programa da bienal, que além dos três concertos referidos inclui uma exposição, já aberta, com vitrais de Manuel Casal Aguiar, e também em 2020 uma visita guiada à igreja (9 de Maio) e uma conferência com a presença do autor do projecto, o arquitecto António Cerejeira Fontes, e também do arquitecto António Tomás Costa e dos historiadores da cidade do Porto Germano Silva e Joel Cleto (3 de Outubro).

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