Riviera, Tio Tomás e Nestor são os principais vencedores do Cinanima 2019

Grande prémio do festival de Espinho foi para o francês Jonas Schloesing; os filmes dos portugueses Regina Pessoa e João Gonzalez foram distinguidos, respectivamente, com o Prémio Especial do Júri e o da competição nacional.

Foto
Riviera, de Jonas Schloesing DR

A atmosfera de uma tarde sufocante na Riviera francesa, vivida por um entediado S. Henriet, valeu a Jonas Schloesing, com Riviera (2019), o grande prémio da competição principal do 43.º Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, que terminou este domingo. A longa-metragem brasileira Cidade dos Piratas, de Otto Guerra, venceu na sua categoria; foram também distinguidas as curtas Nestor, produção britânica do português João Gonzalez (Prémio António Gaio); e ​Tio Tomás, a Contabilidade dos Dias, de Regina Pessoa (Prémio Especial do Júri e menção honrosa no Prémio António Gaio).

O júri justificou a atribuição do prémio principal do Cinanima a Riviera “pela mestria com que o francês Jonas Schloesing combinou imagem em computador e 3D com desenho a preto e branco sobre papel”.

O Prémio de Melhor Longa-Metragem foi entregue, na sessão oficial de encerramento, sábado à noite, no Centro Multimeios de Espinho, ao brasileiro Otto Guerra por Cidade dos Piratas, um filme sobre as dificuldades que um realizador de cinema enfrenta quando a sua argumentista começa a rejeitar personagens e, para salvar o projecto, ele opta por outra história e dá por si num labirinto de realidade e ficção.

Nestor, uma produção do Royal College of Art de Londres com realização, ilustração e música de João Gonzalez, venceu o prémio para a melhor obra nacional em competição. Este filme de cinco minutos explora o transtorno obsessivo-compulsivo de um homem que vive num barco instável, que nunca cessa de oscilar.

Regina Pessoa obteve o Prémio Especial do Júri pela curta de 13 minutos Tio Tomás - A Contabilidade dos Dias, que a própria realizadora descreve assim: “A partir das memórias afectivas e visuais da minha infância, este filme pretende ser uma homenagem ao meu tio Tomás, um homem humilde e um pouco excêntrico que teve uma vida simples e anónima. Com este filme, eu gostaria de testemunhar que não é preciso ser-se alguém para se ser excepcional na nossa vida”. Regina Pessoa já tinha também vencido o Prémio Especial do Júri do Festival de Annecy, em França, e o seu filme está actualmente na corrida à selecção dos nomeados para os próximos Óscares da animação.

O júri distinguiu ainda Sangro como o Melhor Documentário da 43.ª edição do Cinanima, devido à forma como os brasileiros Tiago Minamisawa, Bruno H. Castro e Augusto Bicalho Roque (conhecido como Guto BR) recriam a história real de um doente infectado com o vírus da imunodeficiência humana, na tentativa de desmistificar questões que resistem no imaginário social a propósito desse agente causador da sida.

Outros premiados no Festival de Espinho: Mancha, uma produção francesa de Donato Sansone, foi eleita a Melhor Curta até 5 Minutos; A Luz Mais Escura, um filme italiano de Andrea Bonetti, ganhou o prémio de Melhor Curta entre 5 e 24 minutos; e Mind My Mind, obra holandesa de Floor Adams, destacou-se na competição relativa a obras entre os 24 e os 50 minutos de duração.

O Prémio do Público foi para a curta Memorável, com que o francês Bruno Collet desconstrói o ambiente em que um artista e a sua mulher se deparam com ocorrências cada vez mais estranhas, à medida que o mobiliário e outros objectos em seu redor deixam de parecer reais e começam a desintegrar-se.

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