A poluição do ar causada pelos incêndios na Indonésia já chegou aos países vizinhos

Os incêndios na Indonésia têm afectado não só os habitantes do país, mas também a qualidade do ar dos países vizinhos. Na Malásia e em Singapura, as autoridades começaram a distribuir máscaras e a incentivar os cidadãos a não saírem de casa.

Pulau Gelang
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Um membro da brigada de combate aos fogos florestais tenta extinguir um fogo numa plantação de palmeiras em Pekanbaru, a capital da província de Riau, na Indonésia Reuters/ANTARA FOTO
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Bombeiro inspecciona uma zona queimada em Kampar, Riau, na Indonésia LUSA/STRINGER
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Pekanbaru, a capital da província de Riau, na Indonésia, coberta de fumo Reuters/ANTARA FOTO
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Pekanbaru, a capital da província de Riau, na Indonésia, coberta de fumo Reuters/ANTARA FOTO

A Indonésia está a tentar que o cenário devastador que se viveu em 2015 não se repita este ano, mas a história parece contar-se com as mesmas palavras: gigantescos fogos florestais consomem o país e espalham uma espessa nuvem de fumo pelo sudeste asiático há várias semanas.

Os incêndios têm atingido principalmente partes das ilhas de Sumatra (a sexta maior ilha do mundo) e de Bornéu desde o final de Julho, altura em que o Governo enviou nove mil militares e policias (além de bombeiros) para combater as chamas. Até agora, mais de 930 mil hectares de floresta tropical arderam e centenas de moradores tiveram de ser evacuados de zonas próximas.

Na manhã desta quarta-feira, segundo a agência de notícias estatal Antara, foram detectados cerca de cinco mil “pontos quentes” de incêndio em seis províncias da Indonésia.

Sem saber o que mais fazer, algumas comunidades têm-se reunido em locais públicos, normalmente em frente a edifícios do Estado, para rezar em conjunto por alguma chuva que acabe com a seca, com os incêndios e com a neblina de fumo que se tem espalhado pela Indonésia e países vizinhos.

Indonésios rezam e pedem que chova depois de uma longa temporada de seca e neblina em Pekanbaru, capital da província de Riau REUTERS
Indonésios rezam e pedem que chova depois de uma longa temporada de seca e neblina em Pekanbaru, capital da província de Riau REUTERS
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Indonésios rezam e pedem que chova depois de uma longa temporada de seca e neblina em Pekanbaru, capital da província de Riau REUTERS

O problema da seca é comum a outros países asiáticos, mas o padrão climático do fenónemo El Niño fez com que, este ano, caísse ainda menos chuva na Indonésia, o que só veio piorar o problema dos incêndios.

À semelhança do que acontece na região da floresta Amazónica, também na Indonésia (e principalmente durante a estação seca que está agora a decorrer) os agricultores e criadores de gado utilizam o fogo como forma de limpeza dos terrenos, geralmente utilizados para plantar palmeiras (para produzir óleo de palma) ou para produção de celulose, composto que serve de matéria-prima para diversos tipos de papel, fraldas descartáveis, tecidos, biocombustíveis, materiais de construção, entre outros.

No entanto, estas pequenas queimadas, se não forem controladas, podem tornar-se em incêndios florestais de grandes dimensões. De acordo com a CNN Indonésia, ao longo dos últimos anos as autoridades têm tentado acabar com o problema das queimadas: tornaram-nas ilegais, aplicando multas a quem as pratica — que podem chegar aos 635 mil euros (cerca de 10 mil milhões de rupias) — e passaram a controlar de forma mais próxima agricultores ou grandes empresas que utilizam este método de limpeza de terrenos (podem ser condenados até dez anos de prisão). Mas as queimadas continuaram.

Malásia e Singapura são os mais afectados pelo fumo

A Malásia e Singapura têm sido os países mais afectados pelo fumo dos incêndios das últimas semanas na Indonésia. As autoridades da Malásia já distribuíram mais de meio milhão de máscaras de protecção respiratória e pelo menos 400 escolas fecharam esta terça-feira devido aos níveis perigosos de poluição do ar que fazem com que também seja difícil ver a partir de uma certa distância. Existem relatos nos meios de comunicação locais que afirmam que o fumo está afectar a circulação aérea, tanto na Indonésia, como na Malásia, mas nenhum dado oficial foi para já avançado por fonte do Governo.

Várias imagens divulgadas esta semana mostram as Torres Petronas, em Kuala Lumpur, na Malásia, rodeadas de fumo cinzento. Os meios locais avançam também que muitos cidadãos têm usado máscaras no seu dia-a-dia ou mesmo evitado sair das suas casas.

Em Agosto, o presidente da Indonésia, Joko Widodo, disse sentir-se “envergonhado” pelos incêndios, reconhecendo os efeitos do fumo em Singapura e na Malásia.

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A cidade de Kuala Lumpur, capital da Malásia, coberta de fumo REUTERS

Os incêndios também aumentaram o grau de contribuição da Indonésia para as alterações climáticas, uma vez que boa parte do território ardido era floresta tropical. Além disso, o país abriga entre 10% a 15% das espécies de plantas, mamíferos e pássaros conhecidos no mundo. Ainda assim, avança a CNN, nos últimos cinquenta anos, mais de 74 milhões de hectares de floresta tropical da Indonésia —  uma área com o dobro do tamanho da Alemanha — foram cortados, queimados ou deixados ao abandono. 

Várias organizações ambientais como a Greenpeace e o World Wildlife Fund já se manifestaram contra as queimadas e pediram acções do Governo para preservar aqueles terrenos.

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