Couto, a marca centenária que foi salva pelo amor, já quer abrir uma nova fábrica

A marca centenária Couto, célebre pela pasta dentífrica, esteve para ser vendida. Mas o casamento do administrador com uma empreendedora fez aumentar as vendas para um milhão de euros e o casal quer agora abrir uma nova fábrica em 2022.

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Alberto Gomes da Silva, de 81 anos, e Alexandra, de 49, conheceram-se em 2004 Nelson Garrido
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No final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, era fundada a firma Flôres e Couto, no Porto, que se viria a denominar Couto Lda. Em 2012, Alberto Gomes da Silva, administrador da Couto e sobrinho do fundador da Pasta Couto, Alberto Ferreira de Couto, avançava à Lusa as intenções de vender a empresa até 2017. Mas a história da já centenária marca portuguesa foi agitada por um casamento.

Alberto Gomes da Silva e Alexandra Matos, gestora empresarial, deram o nó e a empresa manteve-se nas mãos da família Couto, mas agora com um novo fôlego de expansão dos negócios, que se traduziu em aumentos de vendas de 20% ao ano, como revelou à Lusa o administrador, de 81 anos.

O amor nunca vai deixar morrer esta marca portuguesa centenária, promete Alexandra, agora com o sobrenome Gomes da Silva, de 49 anos. “Pelo contrário. Cada dia que passa, temos mais carinho e temos novos projectos; não dá para parar”, conta a empresária, que adianta que “o amor por Alberto” nasceu há 15 anos.

“O que aconteceu foi realmente uma grande história de amor desde 2004, ano em que conheci o Alberto na Couto para colocar ar condicionado. A partir daí começou a nossa relação. Em 2016, casámos, entrei na vida dele (...) e achei que tinha muito mais para dar e muito mais para fazer e que tínhamos muito mais que evoluir”, assume, enquanto espreita pela janela o marido, que entretanto se recolheu ao escritório.

Após o casamento, em 2016, os sonhos do casal para os negócios foram delineados com a paixão de renovar a marca no mercado com uma linha premium, lançada em 2018, ano de centenário, bem como a abertura de uma loja museu no Porto e de uma fábrica nova em Vila Nova de Gaia, até 2022, desvendou Alexandra Gomes da Silva, que assume o cargo de directora comercial.

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O turismo que alimenta o sonho

O crescimento de vendas, que atingiu um volume de negócios de um milhão de euros no ano passado, deve-se ao investimento na criação de novos produtos de beleza com design retro e que são vendidos na nova loja, na Rua de Cedofeita, no centro do Porto, mas também ao turismo, justifica a directora comercial, salientando que os clientes mais entusiastas são as turistas sul-coreanas que chegam à loja de Uber para comprar souvenirs para o Oriente.

Mia Kim, 33 anos, hospedeira de bordo e sul-coreana, conta à Lusa que chegou à Couto de Cedofeita pela informação patente no blogue sul-coreano Naver, que dá dicas sobre os produtos “amigos do ambiente” da marca portuguesa. Depois de comprar creme de mãos, pasta de dentes e creme para barbear para o namorado, Mia explicou que o que mais a cativou na marca Couto foi o design dos produtos inspirado nos desenhos e cores dos azulejos portugueses, bem como os ingredientes eco-friendly.

Cláudia França, directora técnica e gestora das redes sociais da Couto, acrescenta que a paixão das clientes sul-coreanas se justifica com a “qualidade” dos produtos, “diferença” e “imagem “retro"” das embalagens.

A brasileira Maria Teresa, que arrenda alojamentos no Porto através da rede Airbnb, oferece aos hóspedes gifts de pasta dentífrica Couto, ajudando a alavancar o negócio. “Os meus clientes russos e os neozelandeses adoram as amostras de pasta de dentes que lhes ofereço”, conta, acreditando que assim ajuda a estimular a economia local.

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“Foi no último ano e meio que tudo aconteceu. Neste momento precisamos, realmente, de uma fábrica muito maior. Mais máquinas, mais pessoal. Precisamos de uma estrutura totalmente diferente, porque com as vendas que fazemos não conseguimos ter um stock cá dentro para aquilo que precisamos”, explica a Alexandra Gomes da Silva.

Segundo Alberto Gomes da Silva, o objectivo da empresa, que tem dez funcionários, é conseguir ter uma nova fábrica a laborar até 2022, de preferência perto da actual fábrica no complexo industrial e da Fundação Couto, estrutura com estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social, que apoia 490 crianças e adolescentes entre os cinco meses e os 14 anos, ambas em Gaia.

Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, EUA, e Coreia são os principais destinos dos produtos Couto, feitos num laboratório fiel “à tradição” e “antigas receitas”, descreve a marca.

O casal pretende continuar, como dizia o anúncio de outrora da pasta de dentes, a “andar na boca de toda a gente”, durante longos anos, e, depois da fábrica e da loja no Porto, o sonho passa por inaugurar uma loja em Lisboa, revelou Alexandra.

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