Luxo da Barneys de Nova Iorque a caminho da insolvência

A Barneys é um ícone da cidade norte-americana e um marco entre as lojas que se dedicam ao retalho do luxo entre os luxos.

Foto
Na origem do pedido de insolvência está também o aumento da renda anual do seu icónico armazém na avenida Madison Shannon Stapleton / REUTERS

A notícia não é inesperada e já havia muitos indícios de que a empresa Barneys New York Inc., fundada em 1923, estaria a debater-se com dificuldades financeiras muito à conta da subida da renda anual do seu icónico armazém na avenida Madison, em Manhattan: de 16 para 30 milhões de dólares (uma diferença de qualquer coisa como 12,5 milhões de euros/ano). Aliada a esta despesa, fruto da bolha imobiliária vivida naquele bairro nova-iorquino, coração financeiro da cidade, somava-se o facto de o espaço registar um forte decréscimo no número de visitantes.

Mas agora é oficial: a Barneys New York Inc. entregou, segundo a Bloomberg, ao Tribunal de Insolvências dos EUA para o Distrito Sul de Nova Iorque documentação que comprova um passivo de entre 100 e 500 milhões para justificar a invocação do Capítulo 11, através do qual se consegue libertar de quaisquer processos instaurados pelos seus credores (incluindo o pagamento das rendas) e manter as portas abertas,  enquanto delineia um plano para reestruturar as suas finanças, que poderá passar por encontrar um sócio ou mesmo um comprador.

De armazém de revenda ao luxo

Esta não é a primeira vez que a empresa enfrenta problemas. Aliás, nem mesmo o seu arranque, em 1923, foi feito com folga financeira. Para fundar a Barneys, inicialmente um armazém de revenda de roupa para homens, Barney Pressman penhorou o anel de noivado da mulher.

Foto
A primeira loja abriu em 1923 DR

Foi preciso esperar pelos anos 1960, para que o filho, Fred, transformasse a Barneys no que é hoje: um espaço de incontáveis luxos, estabelecendo inicialmente parcerias com os amigos Hubert de Givenchy e Pierre Cardin, abrindo a porta às tendências europeias na moda para homem.

A década seguinte trouxe os filhos mais novos, Gene e Bob, para o coração do negócio que expandiram as ofertas ao universo do vestuário feminino e dos produtos para o lar, levando para o quotidiano americano nomes como Giorgio Armani. Seguiram-se muito mais nomes e várias experiências no universo do luxo exclusivo, além de lojas noutras localizações, entre as quais é obrigatório referir o enorme armazém na avenida Madison, desenhado por Peter Marino, cuja renda ditou o actual problema.

Mas, a euforia durou pouco. Apenas três anos depois, em 1996, a empresa invocava o Capítulo 11, após a saída do capital do sócio japonês, que levou ao encerramento dos espaços em Cleveland, Costa Mesa, Dallas, Houston, Manhasset e Short Hills e à venda dos armazéns no Japão e em Singapura. 

Hoje, além daquele espaço em Manhattan, a Barneys, detida pelo investidor Richard C. Perry desde 2012, dispõe de mais uma vintena de lojas com peças dos principais designers do mundo, sejam estas em pronto-a-vestir para mulher e homem, acessórios, sapatos, jóias, cosméticos, fragrâncias e presentes para o lar.

Sugerir correcção
Comentar