Nureyev e a guerra quente

O exílio de Rudolf Nureyev como um acto de egoísmo arrogante que é também o único meio possível de libertar a sua arte.

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A vida de Nureyev nos tempos da “guerra fria”: a “guerra quente” entre técnica e emoção

Quando Rudolf Nureyev está em digressão com o ballet Kirov de Leninegrado em Paris, em 1961, Ralph Fiennes mostra-o a dizer: “não quero saber de política, apenas de dança”. No final do seu mês e meio em Paris, pediu asilo em França — o que era, claro, um acto político de recusa do regime soviético, mas nascia primordialmente da convicção do seu próprio talento, e da compreensão que esse talento não poderia florescer devidamente na “igualitária” URSS. O acto político era um acto de profundo egoísmo: “o regime que se lixe, eu sou bom demais para uma URSS que não me sabe apreciar e me quer atirar para teatrinhos de província para educar o povo”. E O Corvo Branco — inspirado na biografia do bailarino escrita por Julie Kavanagh — passa o tempo a dizer que Nureyev é a pessoa mais egoísta que toda a gente, soviética ou francesa ou de outra nacionalidade, alguma vez viu.

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