BE quer mostrar que o que se debate em Bruxelas não é “metapolítica”, mas a vida de todos

José Gusmão diz ao PÚBLICO que o que os bloquistas andam a fazer, pelo país fora, é mostrar que o que se discute em Bruxelas não é “metapolítica”, mas temas “concretos” da “vida das pessoas”.

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Marisa Matias fala sobre o sonho de um dia fazer a campanha de transportes públicos LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Marisa Matias, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias, apanha o comboio de manhã, em Vila Nova de Baronia rumo a Beja. Catarina Martins, que até pede desculpa a um passageiro por tanto aparato na carruagem, também vai na viagem. Juntas prometem lutar por mais investimento na ferrovia. À tarde, a caravana segue para Monchique, Marisa Matias conversa com bombeiros, visita a fustigada freguesia de Alferce que não esquece os dias em que esteve rodeada de chamas, em Agosto do ano passado. Os habitantes estão sentados no largo, parados pelo sol quente e ainda à espera de apoios.

A caravana do BE não tem andado por sítios especialmente movimentados. Com acções temáticas, Marisa Matias quer alertar para problemas muito concretos: quer mostrar como discorda das políticas europeias que promovem a floresta do “lucro” em vez da floresta que seja “pulmão” do mundo. Quer mais apoios para quem sofreu perdas e danos provocados pelos incêndios. Quer medidas ambientais, transportes públicos em todo o país. E o que é que isto tem a ver com a Europa? Tudo, tem dito a quem se cruza. Sempre a acompanhá-la, o número dois da lista, José Gusmão, corrobora a ideia, em declarações ao PÚBLICO.

Apesar de não se cansar de repetir que não é dona dos votos e que não traça metas eleitorais, Marisa Matias não esconde que quer aumentar a representação do partido no Parlamento Europeu. José Gusmão também admite a expectativa de ser eleito: “O objectivo do BE é aumentar a sua representação. Sou o número dois da lista. Portanto, passaria obviamente pela eleição de dois ou mais deputados”.

Ao PÚBLICO, salienta ainda que o que os bloquistas andam a fazer, na estrada e pelo país fora, é mostrar a centralidade do que se discute em Bruxelas: “O aspecto mais importante desta campanha eleitoral é mostrar que aquilo que se debate em Bruxelas não são apenas abstracções e coisas do domínio da metapolítica, mas instrumentos e constrangimentos que fazem a diferença naquilo que são os aspectos mais concretos da vida das pessoas, o Estado Social, o trabalho, o combate às alterações climáticas.”

No comboio, com a planície alentejana a pintar algumas janelas da carruagens, no quartel dos bombeiros, a ouvir as dificuldades contadas pelo comandante Rui Lopes, no adro da igreja e na mercearia de Alferce, a ideia do BE é ouvir as pessoas e mostrar-lhes que o que se decide em Bruxelas tem “implicações muito grandes para a forma como se vive em Portugal”.

Mais, continua José Gusmão: tem implicações na forma como o BE consegue cumprir as suas propostas: “Alguns dos aspectos mais fundamentais da política do BE têm uma expressão ao nível das políticas europeias e precisam que, no espaço do Parlamento Europeu, se consiga construir as alianças que possam concretizar essas políticas, dar-lhes força para que possam ser possíveis e mais eficientes em Portugal.”

É essa mensagem que vão continuar a espalhar, fazendo largos quilómetros de carro por dia, porque, como lamentaram Marisa Matias e Catarina Martins no comboio, ainda não é possível fazê-lo de comboio. Mas a eurodeputada mantém a esperança: “Vai haver um dia em que vamos conseguir fazer a campanha toda de transportes [públicos]!”.

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