Passadeiras arco-íris em Lisboa propostas pelo CDS motivam críticas no partido

Representantes do CDS na alfacinha junta de freguesia de Arroios propuseram celebrar a inclusão com passadeiras coloridas para peões, mas as críticas surgiram de imediato no interior do partido.

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sérgio azenha

Os representantes do CDS na lisboeta junta freguesia de Arroios propuseram pintar duas passadeiras da Av. Almirante Reis com as cores do arco-íris. O objectivo seria celebrar o dia 17 de Maio, quando, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Só que a ideia não caiu bem em todo o partido liderado por Assunção Cristas.

Os representantes do CDS na Assembleia de Freguesia de Arroios, Frederico Sapage Pereira e Vítor Teles, alegam na sua proposta que a freguesia é “um lugar de todos e para todos, e sobretudo um lugar de inclusão”. Recordam mesmo que a junta de freguesia de Arroios foi pioneira em Março último ao criar o “Centro de Referência LGBTI” e “Casa da Diversidade”.

A medida foi divulgada na página do Facebook do CDS de Arroios e logo causou comentários críticos naquela rede social vindos do interior do partido. Pedro Pestana Bastos, ex-deputado, antigo membro da comissão política do CDS, que foi candidato pelo partido à Câmara de Loures, manifestou o seu desagrado também nesta rede social, chamando-lhes de “moderninhos”.

“Bem sei que para alguns por vezes é cool aparecer com uma imagem moderninha mas isto é um completo disparate. O dinheiro dos contribuintes (mesmo se a despesa não for grande) não é para gastar em fantochadas e temos de dar o exemplo. Acresce que as passadeiras por razões de segurança nos termos do regulamento de sinalização são obrigatoriamente brancas. Não há passadeiras Arco Íris. Não brinquem com coisas sérias”, diz o actual conselheiro nacional do CDS.

João Gonçalves Pereira, vereador na Câmara de Lisboa e presidente da Distrital do CDS-PP, escreveu na sua página de Facebook que não subscreve a proposta em causa. Já o também centrista João Gomes, da Assembleia Municipal de Torres Vedras, escreve: “Isto não é um CDS populista, isto é uma atitude estúpida de alguém que não pode falar em nome do partido e que deveria ter consequências”.

Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento do CDS, acrescentou nas redes sociais que “inclusão não se faz gastando dinheiro e recursos escassos a pintar passadeiras com cores LGBT, o que é ilegal e perigoso”. “A inclusão faz-se rebaixando passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, instalando dispositivos sonoros para cegos e tapando buracos na via pública”, salientou.

Os eleitos pelo CDS na freguesia de Arroios acabaram a responder às críticas afirmando que “confundir a afirmação da não discriminação de pessoas com a defesa de uma ideologia de género é característico de alguma Esquerda”.

Já hoje, Ribeiro e Castro, antigo presidente do partido, considerou que “uma passadeira arco-íris de afirmação LGBTQQICAPF2K+ é uma passadeira exclusiva e discriminatória”.

“Uma passadeira de peões a preto-e-branco é uma passadeira inclusiva: serve a toda a gente e não discrimina ninguém em função da orientação sexual. Foi sempre assim: passadeiras para todos. Uma passadeira arco-íris de afirmação LGBTQQICAPF2K+ é uma passadeira exclusiva e discriminatória: discrimina os passantes em função da orientação sexual. Será uma passadeira apenas para exaltação de alguns” afirmou na sua página no Facebook.

Ribeiro e Castro acrescentou ainda que “é natural que o facto de ter sido o CDS local a propor esta instrumentalização das passagens de peões como equipamento de propaganda LGBTQQICAPF2K+ gerasse muita perturbação e fortes discordâncias”.

 Porém, diz ainda, “saber-se que a coisa aponta para o próximo 17 de Maio, a poucos dias das eleições europeias, e que, no debate, vários dirigentes nacionais do CDS manifestam, nas redes sociais, simpatia pela proposta e pelos proponentes, aumenta a perplexidade e a curiosidade, elevando uma parvoíce a linha política”.

“A cereja no topo do bolo seria que os dirigentes simpatizantes e os cabeças-de-lista às europeias participassem na inauguração na Avenida Almirante Reis das nóvi-passadeiras e dessem mesmo umas pinceladas no pavimento. Não acredito, mas só o tempo dirá”, termina.

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