Há cada vez mais cidades “livres de pêlo”. Nova Iorque pode ser a próxima

Caso seja aprovado o projecto-lei que pretende proibir a produção e venda de artigos feitos com pêlo animal, as multas podem chegar aos 1500 dólares (cerca de 1331 euros) por cada violação da proibição proposta.

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Yorgos Karahalis /Reuters (arquivo)

O movimento contra o uso de pêlo animal no vestuário, calçado e acessórios continua a ganhar seguidores. Em Março, chegou à Assembleia Municipal de Nova Iorque um projecto-lei que pretende proibir a produção e venda destes produtos todo o estado nova-iorquino até 2021. Caso seja aprovado, as multas podem variar entre os 500 (cerca de 443 euros) e os 1500 dólares (cerca de 1331 euros) por cada violação da proibição proposta.

Está a ser considerada uma excepção para roupas religiosas, como os chapéus em pêlo utilizados por alguns homens da comunidade judaica ortodoxa.

Numa entrevista à CBS, o Presidente da Assembleia Municipal de Nova Iorque, Corey Johnson, defendeu o projecto-lei afirmando que não é necessário continuar “a matar centenas de milhões de animais inocentes todos os anos só para que as pessoas possam usá-los”. 

Johnson relembrou também que a maioria das grandes marcas já se posicionaram contra o uso de pêlo nas suas criações, como é o caso da Ralph Lauren, da Giorgio Armani, da Michael Kors ou da Versace.

O projecto-lei, agora nas mãos do Comité de Assuntos do Consumidor e Licenças Comerciais, não está a ser tão popular quanto o esperado, já que o estado de Nova Iorque é detentor do maior mercado de artigos em pêlo nos Estados Unidos.

A vice-presidente americana da Federação Internacional do Comércio de Peles, Nancy Daigneault, considerou a proposta “chocante”. “Este é o trabalho das pessoas. Essas pessoas têm sido bons cidadãos que pagam impostos há muito tempo. Eles querem alimentar as suas famílias”, disse à Hypebeast. “Devemos ter a liberdade de escolher o que podemos e não podemos comprar”, acrescentou.

Os trabalhadores da indústria do comércio de peles e aficionados já reagiram. Foram enviadas cartas, pediram-se reuniões com os representantes municipais e reuniram-se assinaturas para tentar impedir a concretização do projecto-lei. 

Segundo o The Guardian, há pelo menos 130 empresas na cidade de Nova Iorque que vendem artigos em pêlo verdadeiro e que empregam mais de mil pessoas que serão forçadas a sair do mercado se a proibição for aprovada.

Nova Iorque segue o exemplo de outras duas cidades norte-americanas, São Francisco e Los Angeles. 

A medida para interditar e punir o comércio de pêlo de animais em São Francisco entrou em vigor em Janeiro deste ano, tendo sido dado aos comerciantes o prazo de um ano para escoarem os stocks existentes. A restrição aplica-se a vendas, distribuição e manufactura de novos acessórios e peças que tenham pêlo na sua composição, total ou parcialmente. Los Angeles fez o mesmo e pretende “ver-se livre” destes itens até 2021. 

Em ambos os casos há uma excepção. Só os produtos em pêlo que existem no mercado de segunda mão escaparão a estas regras de interdição e punição. Mesmo assim, é proibido comercializar artigos feitos com pêlo de animais em vias de extinção, como o Leopardo-de-Amur, por exemplo.

Estas cidades não são as primeiras no mundo a abolir o comércio deste tipo de produtos. West Hollywood e Berkeley, ambas na Califórnia, e São Paulo, no Brasil, já haviam tomado medidas semelhantes.

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