Acidentes mortais sucedem-se na passagem de nível em Vila Franca

Dois acidentes em cinco dias vitimaram dois idosos.

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O troço de linha férrea que atravessa de Vila Franca de Xira voltou, esta quarta-feira, a ser palco de um acidente mortal, com um homem de cerca de 70 anos a ser colhido por um comboio na zona da estação da cidade. Já na manhã do passado sábado, uma mulher de 67 anos foi colhida mortalmente por um comboio quando atravessava a linha na zona da única passagem de nível que ainda funciona em Vila Franca. Para esta semana está prevista uma nova reunião entre a Câmara vila-franquense e a Infra-estruturas de Portugal (IP), tendo em vista a concretização da mudança do local da passagem de nível já acordada entre estas duas entidades. O objectivo é reduzir o número de acidentes, num troço onde, em 12 anos, já se registaram mais de 20 acidentes mortais.

Cerca das 15h20 desta quarta-feira deu-se o último acidente mortal, desta vez na zona da estação ferroviária vila-franquense. Um homem de cerca de 70 anos, residente na zona da Costa da Caparica, foi colhido por um comboio suburbano. De acordo com fonte dos Bombeiros de Vila Franca, o idoso foi atingido numa perna e na cabeça, mas a violência do embate terá causado as lesões mortais. O óbito foi confirmado no local.

A falta de segurança neste troço da Linha do Norte foi novamente colocada na reunião camarária de Vila Franca de Xira que decorreu na manhã desta quarta-feira. “Há mais uma morte a lamentar na passagem de nível de Vila Franca. Enquanto não houver uma solução definitiva por parte do Governo e da IP e enquanto a passagem de nível estiver como está, isto só se resolve com a reposição de um guarda da passagem. Ou a câmara insiste com a IP no sentido de tomar medidas definitivas ou vamos continuar a ter acidentes mortais ali. É urgente, porque já tivemos mais uma morte”, vincou Nuno Libório, vereador da CDU.

Alberto Mesquita, presidente da Câmara vila-franquense, observou que está marcada ainda para esta semana uma nova reunião da edilidade com a IP para definir como é que se vai desenvolver a “parceria” para a deslocalização da passagem de nível cerca de 250 metros mais para sul. O novo local, já acordado entre a autarquia e a empresa pública, fica junto ao parque de estacionamento do Largo 5 de Outubro e a mudança, com carácter provisório, pretende melhorar a visibilidade para Norte dos peões que insistem em atravessar com as cancelas baixadas para não esperarem pela frequente passagem dos comboios. Sabe-se que muitos dos acidentes mortais resultam desse desrespeito das cancelas e dos sinais de aviso da aproximação de comboios, mas não há meios que impeçam completamente essas travessias.

“Esta relocalização vai ter uma vantagem bastante grande que é a visibilidade. Na actual passagem, muitas vezes as pessoas não têm a melhor visibilidade porque está muito próximo de uma curva”, sublinha Alberto Mesquita, frisando que será preciso também chegar a acordo com o Novo Banco para que disponibilize uma faixa de terreno paralela à linha, que permita construir uma via de ligação rodoviária ao cais e à biblioteca municipal da cidade, conhecida por “Fábrica das Palavras”.

“Se as pessoas não cumprem em termos de cumprimento das regras de segurança é complicado. Por isso, esta passagem de nível será fechada e deslocalizada para sul. A passagem superior de peões que ali existe passará a funcionar 24 sobre 24 horas. Vamos tentar minimizar o problema, porque há 163 anos que as pessoas se habituaram a atravessar ali a linha férrea, desde que se realizou a primeira viagem de comboio em Portugal, de Lisboa à Vala do Carregado”, constatou o presidente da Câmara.

Segundo Alberto Mesquita, a reunião desta semana com a IP poderá “fechar o processo negocial” definindo as responsabilidades de cada uma das partes nesta mudança do local da passagem de nível, que se pretende concretizar muito rapidamente.

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