Festival internacional coloca cinema e literatura em diálogo em Olhão

Primeira edição vai decorrer de 4 a 13 de Abril, homenagear a cineasta russa Kira Muratova e ter a cinematografia sueca como convidada.

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The Gentle Indifference of the World, de Adilkhan Yerzhanov DR

O diálogo entre o cinema e a literatura vai estar em foco, em Abril, na primeira edição do Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão (FICLO),  apresentado nesta terça-feira, e que inclui, além de filmes e de uma secção competitiva, oficinas de escrita, performances e passeios fílmicos.

Durante dez dias, entre 4 e 13 de Abril, vão ser exibidos mais de 30 filmes em vários locais da cidade de Olhão, dez dos quais inéditos ou sem estreia comercial em Portugal, de países como o Cazaquistão, Sérvia, Espanha, Ucrânia ou República Checa.

“Não estamos à procura de ter um festival de adaptações, procuramos outro tipo de simbioses”, disse aos jornalistas Débora Mateus, da direcção do festival, acrescentando que da programação não faz parte praticamente nenhuma adaptação cinematográfica.

Para Candela Varas, também da direcção do FICLO, a “exploração de outras ligações” entre cinema e literatura é o que distingue este de outros festivais, uma vez que as “ligações não têm de ser superdirectas”, o importante é o que “se sente ao ver um filme”.

Além da competição internacional, com uma selecção de uma dezena de filmes, o programa do festival apresenta ainda vários ciclos, nomeadamente o do País Convidado, dedicado à Suécia, e o ciclo Realizadoras, com uma retrospectiva da cineasta soviética Kira Muratova (1934-2018).

Também haverá o ciclo Obra Criativa, nesta primeira edição, com um convite aos escritores Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares e Nuno Mourão, que vão apresentar criações em diálogo com as imagens de três filmes mudos. As suas escolhas incidiram, respectivamente, sobre os filmes Limite (Mário Peixoto, Brasil, 1930), Tabu (Friedrich W. Murnau, EUA, 1931) e Juha (Aki Kaurismäki, Finlândia, 1999).

No dia de abertura do festival, a 4 de Abril, o Auditório Municipal de Olhão abre as portas, às 19h, com o filme The Gentle Indifference of the World, de Adilkhan Yerzhanov, do Cazaquistão, que vai estar presente na sessão.

O FICLO inclui também a realização de sessões especiais, masterclasses em cinema e literatura, oficinas de escrita, instalações, performances, leituras e concertos.

Além do Auditório Municipal de Olhão, o festival vai decorrer na Associação Cultural Re-Criativa República 14, na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense e no Mercado da Fruta, que será palco de declamações e local para uma livraria temporária. Durante o festival, haverá ainda passeios fílmicos em tuk-tuk, em Olhão e entre Tavira e Castro Marim, uma espécie de roteiro cinéfilo que permitirá ao público percorrer locais da região que serviram de cenário a filmes de Manoel de Oliveira, João César Monteiro, Teresa Villaverde ou Tony Gatlif.

Os bilhetes custam quatro euros para os filmes exibidos no auditório e três euros para os filmes exibidos noutros locais. O FICLO é organizado pelo Cineclube de Tavira em co-produção com a Câmara de Olhão, e conta com o apoio do programa cultural 365 Algarve.

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