Filme francês sobre pedofilia na Igreja autorizado pela justiça a passar nas salas

Grâce à Dieu, de François Ozon é uma ficção baseada em factos reais e ainda não julgados como pedofilia pela Igreja e foi premiado no Festival de Cinema de Berlim.

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François Ozon em Berlim LUSA/HAYOUNG JEON

O filme do francês François Ozon  Grâce à Dieu, uma ficção baseada em factos reais e ainda não julgados como pedofilia pela Igreja, foi autorizado a passar nas salas de cinema, disse esta segunda-feira Emmanuel Mercinier, advogado do padre acusado.

A defesa do padre Bernard Preynat, sacerdote de Lyon, no centro-leste da França, acusado de agressão sexual neste caso, apelou a François Ozon para um adiamento do lançamento do filme, que ganhou no fim-de-semana o prémio especial do júri no festival de cinema de Berlim.

"A decisão, muito bem fundamentada, reconhece que o filme — com os avisos que o acompanham — não justifica as medidas solicitadas e que ameaçavam a sua divulgação", disse à agência noticiosa francesa AFP Paul-Albert Iweis, um dos dois advogados do produtor e distribuidor do filme.

O advogado Emmanuel Mercinier explicou que "o juiz rejeitou o pedido de adiamento do filme", por considerara que uma mensagem nos últimos segundos da película a afirmar que o padre Preynat goza de presunção de inocência "cumpre os requisitos da lei" e que a "culpa do padre não é dada como adquirida".

O advogado disse também "lamentar amargamente esta decisão, não só no interesse do padre Preynat, mas mais amplamente no interesse público".

Preynat é apresentado durante duas horas como um homem culpado, que ainda não foi julgado e como tal constitui uma violação da presunção de inocência, segundo o advogado, referindo que não basta a publicação de uma mensagem a dizer o contrário durante dois segundos.

Frédéric Doyez, outro defensor de Preynat, disse à AFP que o padre vai recorrer da decisão judicial, mas que isso não impediria o filme de sair.

"É uma questão de princípio", disse Doyez, afirmando que se abriu "a porta para o parasitismo da acção legal" nos filmes.

Em Lyon, foi marcada uma outra audiência relativamente ao mesmo filme, por um ex-membro desta diocese, Régine Mayor, cuja identificação aparece no filme e accionou François Ozon a retirar o seu nome da película.

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