Cerveja no cinema, de Miss Piggy a Cher

Das salas de cinema que também servem comida e bebida e da exposição sobre Jim Henson no Museum of the Moving Image.

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Cher Marc Biggins/Getty Images

Em teoria, não gosto de comida no cinema. Porém, duas salas em Brooklyn, o Nitehawk e o Alamo Drafthouse, fizeram-me repensar isso. Ambos têm mesas nos lugares e serviço de restaurante durante os filmes. Atrai-me menos a comida e mais os menus de cerveja, boa, artesanal, com mais torneiras do que muitos bares dedicados em exclusivo a tal bebida a que já fui.

Richard Brody, da New Yorker, diz que esses cinemas servem para tornar tolerável a experiência de ver maus filmes. Deve ter razão, mas é algo que acaba por ser menos intrusivo do que pipocas normais. 

O Alamo Drafthouse, onde vi Can You Ever Forgive Me?de Marielle Heller, com uma impressionante Melissa McCarthy e um Richard E. Grant em modo Withnail and I – não é uma queixa –, e Burning, de Lee Chang-dong, é intransigente: expulsa quem falar ou mexer no telemóvel. É certamente mais respeitoso do que o telefone que tocou e foi atendido no Film Forum a meio de Gilda, de Charles Vidor, a propósito do centenário de Rita Hayworth.

Das sete salas a que fui em Nova Iorque, apenas uma, o Anthology Film Archives, em que se ouve Sade antes do filme – A Costela de Adão, de George Cukor, com Katharine Hepburn e Spencer Tracy, neste caso –, não tem comes e bebes. Até a Brooklyn Academy of Music, que tem um autógrafo do Manoel de Oliveira em destaque, os vende.

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Miss Piggy THOMAS PETER/REUTERS

Também não há disso no auditório do Museum of the Moving Image, em Queens, mas não entrei lá. Não havia tempo para tal, tinha acabado de vir do Museu de História Natural, que para uma pessoa nascida em 1986 é “aquele museu do vídeo de If It Makes You Happy, de Sheryl Crow, e Lula e a Baleia, de Noah Baumbach”. Só vi a exposição dedicada a Jim Henson, que tem uma sala para ver episódios do Muppet Show, bem como notas do próprio sobre a criação de Miss Piggy – é composta por partes de Dolly Parton, Martha Mitchell e Shelley Winters.

Nem só de filmes viveu a viagem: em termos de comédia, apanhei em palcos, nem sempre em modo stand-up, Michelle Wolf, Amber Ruffin, Joel Kim Booster, Sonia Denis e Andy Kindler.

Só revi um filme. O Feitiço da Lua, a comédia romântica de Norman Jewison que é passada na mesma Brooklyn onde fica o Nitehawk, que a exibiu. Uma sessão de domingo, de brunch, logo a seguir a um salto à rua onde Mel Brooks cresceu e às Marcy Houses, as origens de Jay-Z. Desta vez, a enésima, o que me chamou mais a atenção não foi Nicolas Cage a gritar para a mão, nem o papel que valeu um Óscar a Cher, mas sim as várias emoções de Olympia Dukakis, que também ganhou uma estatueta, na brilhante cena final. Isso e a Double India Pale Ale bem lupulada e pouco açucarada que bebi.

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