Palcos da semana

Entre um festival de jazz e outro de documentários, uma cantautora faz-se "caçadora", uma peça promove a inclusão e um artista arquitecta uma reflexão sobre o colonialismo.

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Anna Calvi Maisie Cousins

Música
Agora, caçadora

Desde que apareceu, Anna Calvi surpreendeu. Recomendada por gente como Brian Eno ou Nick Cave, conquistou a crítica e tornou-se uma das cantautoras favoritas de muitos. Depois da estreia em 2011 com um disco homónimo auspicioso, e da confirmação, dois anos depois, com One Breath – registemos ainda a colaboração com David Byrne em Strange Weather, em 2014 –, lançou em Agosto deste ano um novo álbum. E voltou a surpreender. Embora mantenha os níveis de intensidade, faz contraste com o tom profundamente pessoal e confessional dos anteriores. É menos contido, mais directo, urgente e até libertador. É como se a presa se tivesse tornado caçadora – daí o título, Hunter.

PORTO Hard Club
Dia 19 de Outubro, às 22h.
Bilhetes a 24€
LISBOA Teatro e Cinema Capitólio
Dia 20 de Outubro, às 22h.
Bilhetes a 24€

 

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DR

Arte
Raízes concretas

Pós-colonialismo e relações de poder têm sido temas recorrentes na obra do artista franco-argelino Kader Attia. Em As Raízes Também se Criam no Betão, explora-os a partir de um olhar sobre a arquitectura moderna africana, "abordada pela sua capacidade de ser uma extensão da mente e do corpo, explorando a tensão entre espaços privados/públicos", explica a nota de imprensa do Museu de Arte Contemporânea de Val-de-Marne, onde a exposição foi montada originalmente. Filme, escultura, colagem e instalação concorrem para montar esta reflexão artística, que chega a Portugal integrada na celebração do 25.º aniversário da Culturgest.

LISBOA Culturgest
De 20 de Outubro a 6 de Janeiro. Terça a domingo, das 11h às 18h.
Bilhetes a 4€; grátis ao domingo

 

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Vivienne Westwood DR

Cinema
Da arena política ao relvado

A abertura do 16.º DocLisboa faz-se com The Waldheim Waltz, um retrato feito pela austríaca Ruth Beckermann de Kurt Waldheim, diplomata com passado ligado ao regime nazi; o encerramento, com Infinite Football, em que o romeno Corneliu Porumboiu filma uma hipótese de modificação das regras do jogo. São duas das 243 obras exibidas nesta edição do festival internacional de cinema documental, vindas de 54 países e com direito a 68 estreias mundiais. Fora de competição – 22 filmes na internacional e 18 na portuguesa –, destaca-se a retrospectiva dedicada ao colombiano Luis Ospina (que também recebe carta-branca para um ciclo), a antestreia do novo filme de Michael Moore (Fahrenheit 11/9) no segmento Da Terra à Lua e uma secção Heart Beat a apontar a câmara a artistas como Depeche Mode, Joan Jett, Vivienne Westwood ou William Friedkin.

LISBOA Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca e Cinema Ideal.
De 18 a 28 de Outubro. Programa completo aqui.
Bilhetes a 4,50€ (sessão)

 

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João Pedro Rodrigues

Teatro
Linguagem sem fronteiras

O título, 3,50 x 2,70 [Três e Meio Dois Setenta], serve para apontar, medir ou delimitar uma área em que se questiona precisamente os limites. Reais, imaginários, psicológicos ou convencionados, são trabalhados nesta performance inclusiva que procura envolver surdos e ouvintes (dos actores aos espectadores) "numa procura de uma linguagem comum onde o silêncio, as palavras e os gestos não são de ninguém". Montado pela CiM - Companhia de Dança e a Vo’Arte, o espectáculo foi co-criado por Ana Rita Barata e Bruno Rodrigues.

LISBOA Teatro do Bairro
Dias 20 e 21 de Outubro, respectivamente às 21h30 e 17h.
Bilhetes a 10€

 

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Carla Bley DR

Música
Vai ao centro

A diversidade do cartaz, a ligação a outros géneros e o contacto do público com grandes nomes são as forças-motrizes do festival que todos os anos faz de Coimbra destino certo na agenda jazzística. A 16.ª edição do Jazz ao Centro não trai essa tradição. Depois de abrir com as norte-americanas Sylvie Courvoisier (piano) & Mary Halvorson (guitarra) a desenharem Crop Circles, álbum que lançaram como dupla, o festival recebe o projecto Lokomotiv, em linha de comemoração dos 20 anos; a veteraníssima Carla Bley a tocar com Andy Sheppard e Steve Swallow, com quem gravou Andando el Tiempo; e o regresso a Setembro, disco conjunto de Mário Laginha, Julian Argüelles e Helge Norbakken. Ao centro vão também o trio de Sousa, Pinheiro e Ferrandini, o Centauri de André Fernandes, o quinteto de João Fragoso e o projecto Corda Bamba.

COIMBRA Museu Nacional de Machado de Castro, Salão Brazil e Convento de São Francisco
De 17 a 27 de Outubro.
Bilhetes de 7€ a 10€

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