Harvey Weinstein admitiu ter oferecido empregos em troca de sexo. Ou não?

Suposta confissão do produtor acusado de abuso sexual à revista britânica The Spectator já foi desmentida pelo seu advogado.

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Harvey Weinstein com o seu advogado Benjamin Brafman JUSTIN LANE/LUSA

“Harvey Weinstein admitiu que tinha trocado papéis em filmes por sexo?” Este foi o título escolhido pelo jornal norte-americano New York Times para relatar a confusão que se instalou após a revista britânica The Spectator ter anunciado na sexta-feira que tinha o exclusivo da primeira entrevista com o produtor de Hollywood, acusado de ter violado e abusado sexualmente de mais de 70 mulheres, três delas já com processos em tribunal contra ele. Harvey Weinstein, o homem no centro do escândalo sexual que iniciou o movimento #MeToo, nega até agora todas as acusações.

A entrevista foi dada pelo produtor de cinema ao colunista Taki Theodoracopulos, um amigo de Weinstein, segundo o New York Times. “Você nasceu rico, privilegiado e bem-parecido. Eu nasci pobre, feio, judeu e tive de lutar toda a minha vida para chegar a algum lado. Você teve muitas miúdas, mas nenhuma olhou para mim até eu ser grande em Hollywood. Sim, eu dei-lhes trabalho no cinema em troca de sexo, mas é o que fazia toda a gente e ainda faz. Mas nunca, nenhuma vez, forcei qualquer mulher”, terá afirmado o antigo produtor de 66 anos, citado pela revista.

A “surpreendente confissão”, como lhe chama o jornal norte-americano, com Weinstein a admitir explicitamente que trocava trabalho por sexo, foi desmentida horas depois de ter sido publicada pelo advogado do produtor, Benjamin Brafman. O advogado afirma ter estado presente na reunião entre os dois, “um encontro social” e não uma entrevista, e que o produtor foi mal citado. O desmentido veio acompanhado de uma declaração do próprio colunista: “Depois de 41 anos como colunista da Spectactor  sem nenhum desmentido, acredito que posso ter interpretado mal a conversa que Weinstein teve comigo em Nova Iorque no mês passado. Foi um erro meu.” No mesmo depoimento, Taki Theodoracopulos reconhece que o encontro com Weinstein foi “uma visita social” e diz esperar “não ter prejudicado o caso”.

O site da revista britânica, como nota o New York Times, continua a manter o artigo em lugar de destaque na edição americana online, sem qualquer correcção.

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