Lisboa mais perto de ter um “Porto Seguro” para doentes oncológicos

A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) vai construir a primeira casa de acolhimento para doentes e familiares com dificuldades económicas.

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FERNANDO VELUDO / PUBLICO

Na rua Dom Luís de Noronha vai nascer a Casa Porto Seguro, um espaço de acolhimento para doentes oncológicos e respectivas famílias que residam longe e que não tenham recursos para ficar na cidade de Lisboa durante as fases de recuperação e de tratamento. O edifício e terrenos cedidos pela câmara municipal de Lisboa já existem mas vão sofre obras para poderem receber até 16 pessoas, ou seja, 8 famílias de cada vez.

Carlos Horta e Costa, vice-presidente da APCL, explica que o espaço se destina àqueles que tenham um cônjuge (já existe uma casa assim para pais de crianças com cancro) numa fase de tratamento ou transplante, não podendo sair do hospital. “Este é um objectivo que queremos concretizar há algum tempo porque os tratamentos de que alguns doentes necessitam só podem ser feitos em hospitais centrais, o que obriga à sua deslocação a Lisboa. Além disso, muitos deles necessitam de tratamentos que podem ser de um ano ou mais e nós assistimos a famílias que dormiam nos carros e nos parques de estacionamento dos hospitais porque não tinham como pagar alojamento”.  

Ao longo dos três últimos anos, a APLC tem vindo a desenvolver várias acções de angariação de fundos para que as obras na Casa Porto Seguro possam avançar. Uma das próximas iniciativas será um jantar solidário que se realiza na sexta-feira na Sede da Ordem dos Médicos e onde será ainda leiloada uma caixa de vinhos BlindBox, doada pela Outwine, uma empresa de venda de vinho online, informou a APLC em comunicado. 

As receitas do jantar, que será seguido de um serão com direito a actuações dos fadistas Jorge Fernando e Fábia Rebordão e uma performance de Stand up Comedy conduzida por Miguel Lambertini, revertem na sua totalidade para as obras na futura casa de acolhimento. 

A APLC foi também uma das candidatas ao Rock N’ Law, uma iniciativa que cruza escritórios de advogados de todo o país e projectos de solidariedade social. Este ano sob o mote #alutaedetodos, a APCL foi a associação escolhida para receber as verbas resultantes do concerto de Outubro deste ano. 

Ao PÚBLICO, a organização do Rock N’Law conta que decidiu apoiar a luta contra o cancro e a APCL por esta “ser uma associação meritória que depende do apoio de privados e que não tem financiamento do estado e também porque demonstrou que há uma sustentabilidade financeira por trás do projecto, sendo que já tinham parte das receitas e um plano de negócio que torna viável a conclusão do projecto”.

“Acima de tudo achamos que era necessário dar uma ajuda não só aos doentes mas também às famílias que os acompanham durante todo o processo”, acrescentou ainda fonte da organização do Rock N’Law.

Para já, ainda não existem verbas suficientes para que as obras avancem, mesmo com o contributo que chegará do jantar solidário e do concerto da Rock n’ Law. No entanto, Carlos Horta e Costa afirma que os projectos de remodelação da casa vão ser entregues no final deste ano para que sejam aprovados pela câmara municipal. Até lá, a APCL garante que irá continuar a organizar iniciativas para que a recuperação do prédio avance no primeiro trimestre de 2019 e para que as obras estejam prontas em menos de um ano.

Texto editado por Ana Fernandes

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