No Goldman Sachs, os homens ganham duas vezes mais do que as mulheres

O banco de investimento, que emprega mais de sete mil pessoas no Reino Unido, diz que a falta de mulheres nas posições de chefia é a responsável pela disparidade.

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As mulheres ocupam 62,4% dos trabalhos com remuneração mais baixa Reuters/David Gray

No Reino Unido, os homens que trabalham no Goldman Sachs International, banco de investimento, recebem de salário por hora duas vezes mais do que as mulheres. A informação foi conhecida pelos meios de comunicação britânicos nesta sexta-feira. 

O prazo para enviar a informação sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres, pedida pelo governo britânico a todas as empresas com mais de 250 trabalhadores, está a aproximar-se: até 5 de Abril, todas as empresas privadas e instituições de beneficência devem publicar essa informação nos seus sites. A do Goldman Sachs já é conhecida e, pela mesma hora de trabalho, as mulheres recebem em média 56% menos do que os homens. Não há grandes diferenças entre a proporção de homens e mulheres que recebem bónus (remuneração variável), mas o valor tende a ser diferente: as mulheres recebem menos 72% do que os homens, escreve a Bloomberg.

O banco de investimento, que emprega mais de 7000 pessoas no Reino Unido, diz que a disparidade se justifica pela falta de mulheres nas posições de chefia. Segundo os dados, 83% das posições com melhores remunerações são ocupadas por homens naquela empresa. Por contraste, as mulheres ocupam 62,4% dos trabalhos com remuneração mais baixa, escreve o Guardian. As mulheres constituem apenas 10 a 12% dos "partners" – um dos postos mais altos e mais bem remunerados –, avançaram fontes próximas à Bloomberg.

Num comunicado assinado pelo director executivo do banco, Lloyd Blankfein, e pelo director de operações, David Solomon, a empresa reconhece que houve progresso no que respeita à “representação feminina e diversidade racial e étnica” na empresa, mas admite que “ainda há muita coisa que pode ser feita”.

“No Goldman Sachs, pagamos a homens e mulheres de igual forma para as mesmas funções e mesma performance. No entanto, a situação real da nossa empresa, e de muitas outras, é a da sub-representação de mulheres e profissionais diversos em funções de chefia”, lê-se no comunicado.

A empresa salienta o compromisso de empregar 50% de mulheres no futuro, mas não determina um prazo para alcançar esta meta. Informa ainda que em 2021 quer que a equipa de novos contratados respeite a paridade de género. A Bloomberg dá conta de algumas iniciativas para aumentar o número de mulheres em posições de chefia, como aulas de liderança e iniciativas de acompanhamento (mentoring) entre líderes e mulheres banqueiras.

Esta disparidade não é única no sector. O banco HSBC tem uma disparidade de 60% entre os salários médios de homens e mulheres, a mais elevada do Reino Unido em 2018. A desigualdade no salários no BNP Paribas é de 38%. No Reino Unido, a média (em todos os sectores) situa-se nos 18%, de acordo com o gabinete de estatística britânico.

A informação sobre salários deve constar no site da empresa e ser submetida ao Governo do Reino Unido. Até esta sexta-feira, de acordo com dados da Bloomberg, só 2700 empresas das 9000 esperadas tinham enviado os números.

Em Portugal, as trabalhadoras ganham em média 82,5 cêntimos por cada euro que um homem ganha por hora, de acordo com os números do Eurostat.

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