Espanha receia interferência de hackers nas eleições catalãs

Madrid prepara um plano para enfrentar ataques informáticos e a disseminação de notícias falsas. Mas admite que tentará sobretudo minimizar estragos, já que evitar as tentativas de interferência "é praticamente impossível".

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Os catalães vão a votos a 21 de Dezembro para eleger um novo governo regional. Em pano de fundo, a crise desencadeada pela realização de um referendo à independência, que Madrid declarou ser ilegal LUSA/STEPHANIE LECOCQ

As autoridades espanholas estão preocupadas com a possibilidade de uma nova campanha de interferência eleitoral através de meios informáticos (incluindo hackers, bots e a disseminação de notícias falsas) durante as legislativas catalãs de 21 de Dezembro. De acordo com o El País, os responsáveis máximos pela segurança durante o acto eleitoral deste mês estiveram reunidos na semana passada em Barcelona para desenhar um plano para tentar minimizar fenómenos que possam alterar a dinâmica natural da campanha ou até mesmo o resultado das eleições.

Segundo o El País, os responsáveis pela segurança do Estado admitiram que "é praticamente impossível" evitar um ataque cibernético e que tal não seria sequer inédito em Espanha. "Temos a certeza de que em toda a fase prévia do processo, muito especialmente a 1 de Outubro [dia do referendo da independência declarado ilegal por Madrid]", disse um alto responsável dos serviços de segurança do Estado citado pelo diário.

De acordo com o jornal, a atenção dada pelas autoridades ao desmantelamento da estrutura informática montada pelo governo catalão para realizar o referendo de 1 de Outubro remeteu para segundo plano a resposta a uma torrente de ataques informáticos e de acções de propaganda nas redes sociais.

O responsável dos serviços de segurança citado pelo El País indica o nome de Julian Assange (fundador do site de denúncias Wikileaks) e o grupo Anonymous como exemplos de "uma série de grupos e colectivos internacionais com hackers muito poderosos" que, acusa Madrid, estão a colaborar com o movimento independentista.

Sendo impossível travar a ameaça, o objectivo é sobretudo tentar "detectar, reagir e reparar rapidamente os danos", segundo explicam responsáveis pela segurança do Estado. As instituições-chave neste esforço de defesa são o Centro Criptológico Nacional, o Instituto Nacional de Cibersegurança e o Centro Nacional de Protecção de Infra-estruturas e Cibersegurança, três organismos dependentes da secretaria de Estado da Segurança.

Sem referir quais os elementos concretos do plano que estará agora a ser desenhado em Madrid, o El País refere elementos que preocupam especialmente os serviços de segurança: a disseminação de notícias falsas (ou fake news, no termo em inglês) através de bots (programas de computador concebidos para automatizar procedimentos repetitivos) nas redes sociais, de modo a desestabilizar a campanha; a divulgação de sondagens fictícias e resultados falsos que possam colocar em causa a confiança no processo eleitoral; e a possibilidade de ataques informáticos à comissão eleitoral que levem a um atraso no apuramento dos votos.

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