O dia de uma tragédia que já matou 36 pessoas e pode não ficar por aqui

Foi um dia "devastador" ainda com desfecho difícil de prever. Governo declarou três dias de luto nacional.

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LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

O que este domingo e segunda-feira causaram na vida de milhares de pessoas nas regiões centro e norte do país ainda não é plenamente conhecido. Mais de 24 horas depois de ter começado uma das maiores tragédias do país, assolando dezenas de concelhos dos distritos a norte do Tejo, ainda não é possível dar por fechado que o número de vítimas mortais fique pelas 36. À hora de fecho desta edição, equipas da Protecção Civil estavam a bater o vasto terreno ardido (e outro ainda a arder) e os números oficiais não paravam de subir em todas as vertentes: 63 feridos, 16 deles em estado grave, e sete desaparecidos. Neste momento, apenas o Ministério Público garantiu que abriu inquéritos aos vários incêndios.

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O cenário "devastador" começou a desenhar-se ainda na madrugada de segunda-feira, quando as informações davam conta de seis vítimas mortais. O número disparou ao primeiro briefing da manhã na Protecção Civil e não mais pararia de aumentar. Os responsáveis não dão a lista por fechada, até porque apenas o acalmar das chamas vai permitir ver o rastro de destruição e possibilitar às equipas das autoridades rastrear todo o território.

As últimas informações da noite davam conta de que as 36 vítimas tinham sido maioritariamente nos distritos de Viseu - Vouzela (seis), Carregal do Sal (uma), Nelas (uma), Oliveira de Frades (uma), Santa Comba Dão (cinco), Tondela (três) e na A 25 (uma) - e Coimbra - Penacova (dois), Oliveira do Hospital (cinco), Arganil (quatro) e Tábua (três). A que acrescem vítimas também nos distritos de Castelo Branco e Guarda (duas pessoas). Entre as vítimas mortais está um bebé de um mês e uma rapariga grávida que morrer vítima de um acidente na A25, quando fazia inversão de marcha para fugir do incêndio.

Tal como aconteceu em Pedrógão, os dados sobre as vítimas vão sendo conhecidos aos poucos, aqui com a dificuldade de o território ser mais vasto e também nãoserá divulgada a lista de nomes das vítimas mortais. Certo é que o Governo decretou três dias de luto nacional, entre esta terça e quinta-feira, em homenagem às vítimas.

A "excepcionalidade" dos últimos dois dias é visível nos números das ocorrências. No domingo foram 523 ocorrências a despontar no país, esta segunda-feira houve 199. Ao final do dia havia 47 incêndios ainda a lavrar, 26 deles de "importância elevada". Esta operação de Protecção Civil mobilizou milhares de bombeiros, chegando a 12 mil operacionais durante o domingo. No final do dia estavam a combater as chamas mais de 3.500 operacionais.

Esta mobilização de meios humanos deveu-se em parte ao facto de o Governo ter decretado calamidade pública para os distritos a norte do Tejo, obrigando as empresas a dispensarem os seus trabalhadores que são bombeiros voluntários. 

Tendo em conta a necessidade de meios nos próximos dias, o estado de calamidade foi prolongado até à meia-noite de quarta-feira nos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.

O que também se mantém é o alerta vermelho em todo o país, apesar de haver previsão de chuva que pode começar esta noite.

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