Condutor que matou cinco peregrinos em Coimbra julgado na terça-feira

Atropelamento deu-se em 2015. Jovem actuou "de forma leviana, imprudente e desatenta", acusa o Ministério Público.

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Fernando Veludo/NFactos

O condutor que atropelou mortalmente cinco peregrinos em Coimbra, em 2015, vai começar a ser julgado na terça-feira sob a acusação de cinco crimes de homicídio por negligência e quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência.

O julgamento, no Tribunal de Coimbra, surge na sequência do acidente que provocou a morte de cinco peregrinos e que deixou outros quatro feridos, quando um jovem condutor de um automóvel se despistou à saída de uma curva no Itinerário Complementar (IC) 2, na localidade de Cernache, em Coimbra, invadindo a faixa onde seguiam a pé cerca de 80 pessoas, em direção a Fátima.

O condutor de 26 anos, residente em Penela, concelho do distrito de Coimbra, é também acusado pelo Ministério Público da prática de um crime de condução perigosa de veículo automóvel, incorrendo ainda na pena acessória de proibição de condução de veículos automóveis.

O julgamento, que decorre mais de dois anos depois do acidente, conta com mais de dez assistentes no processo - familiares das vítimas.

O acidente ocorreu por volta das 3h45, a 2 de maio de 2015, um sábado. As cinco vítimas mortais, com idades entre os 17 e os 67 anos, eram provenientes de Mortágua, distrito de Viseu.

De acordo com a acusação a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público entende que o jovem actuou "de forma leviana, imprudente e desatenta".

O Ministério Público (MP) sublinha que a recolha de amostra de sangue feita ao condutor duas horas depois do acidente revelou uma taxa de alcoolemia de 0,9 gramas por litro de sangue e a presença de substâncias psicotrópicas, recordando que em 2013 o jovem já tinha sido interveniente num acidente em que conduzia com uma taxa de alcoolemia de 1,14 gramas por litro.

O despacho, que reconstitui todos os passos dados pelo arguido nessa noite até à hora do acidente, refere que o jovem, acompanhado de mais sete amigos, ingeriu bebidas alcoólicas no dia anterior à tarde, dirigindo-se depois para Coimbra, onde voltou a beber.

De acordo com o MP, de volta para Penela e conduzindo no sentido norte-sul, o jovem fez uma condução "com acelerações e travagens bruscas, a uma velocidade desadequada, com buzinadelas e atitudes provocatórias" para peregrinos.

O jovem conduzia acima do máximo permitido (70 quilómetros por hora), num piso onde tinha chovido "recentemente", alega o MP.

O Ministério Público refere ainda que o arguido acabou por "perder por completo" o controlo do carro ao descrever uma curva à esquerda, invadindo a faixa contrária e colhendo no despiste os peregrinos que seguiam na via reservada pela Infraestruturas de Portugal para os mesmos.

O veículo acabou por "colher com a lateral direita nove peões de um dos grupos de 80 que ali circulavam, lançando-os contra a barreira que ladeia a via", realça a acusação.

Quatro dos peregrinos que foram colhidos pelo veículo tiveram morte imediata no local do acidente, sendo que um quinto acabou por morrer nesse mesmo dia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

O julgamento começa na terça-feira, às 9:15.

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