Polícia mata 28 pessoas nas Filipinas depois de Presidente sugerir "matar 32 todas as noites"

Operações antidroga elogiadas por Rodrigo Duterte, que declarou que as mortes podem ser uma solução para o problema de droga no país.

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Familiar de vítima das operações da polícia nas Filipinas EZRA ACAYAN/EPA

A polícia matou pelo menos 28 pessoas durante a noite nas Filipinas, no âmbito de uma operação antidroga e crime, depois de o Presidente, Rodrigo Duterte, ter sugerido que “matar 32 todas as noites”, como tinha acontecido na véspera, “poderia acabar com o que aflige este país”.

Estes dois dias representam já o período mais violento da guerra às drogas decretada pelo Presidente, Rodrigo Duterte, desde que assumiu o cargo há um ano. Desde então, morreram já cerca de 3400 pessoas.

O porta-voz da polícia, coronel Erwin Margarejo, descreveu uma grande operação única e culpou as vítimas, que morreram porque escolheram lutar, declarou. Não houve relatos de vítimas entre os polícias.

“O Presidente não me deu instruções para matar e matar”, disse o chefe da polícia nacional, Ronald dela Rosa, citado pela Reuters. “Também não dei instruções aos meus homens para matar e matar”, assegurou. “Mas a instrução vinda do Presidente é muito clara: que a guerra contra as drogas não pode parar. Os que foram mortos escolheram ripostar.”

Duterte comentara a noite em que morreram 32 pessoas, declarando: “É magnífico. Vamos matar 32 todos os dias, talvez consigamos acabar com o que aflige este país.” Mais: prometeu não só perdoar os polícias que mataram traficantes, como ainda promovê-los.

Chito Gascon, presidente da Comissão Filipina para Direitos Humanos, disse que os comentários do Presidente levam a polícia a “fazer o seu pior”. “A polícia fica essencialmente livre para fazer o que quer, porque os agentes têm praticamente a garantia de que não vão ser objecto de investigação ou acusação”, diz Gascon.

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