Site neonazi agradece ao Google e Facebook e migra para a dark web

Autores do Daily Stormer dizem que a acção contra o site por parte do Google, Facebook e outras empresas é “a melhor coisa que já aconteceu”.

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A dark web é uma parte da Internet frequentemente associada a actividades ilegais Reuters/KACPER PEMPEL

O site neonazi Daily Stormer – um dos organizadores do desfile de supremacistas brancos de sábado em Charlottesville, nos Estados Unidos, que se tornou violento – foi forçado a migrar para a chamada dark web para continuar operacional, depois de empresas como o Google e o GoDaddy se terem recusado a manter o domínio dailystormer.com em funcionamento. Os autores, porém, agradecem a atenção.

O site foi inicialmente fechado depois da publicação de um artigo ofensivo sobre Heather Heyer, a activista que foi morta enquanto protestava a presença do grupo de extrema-direita na cidade norte-americana. A empresa responsável pelo domínio em que o Daily Stormer estava registado, o Go Daddy, considerou o artigo – em que os autores do site descrevem Heyer, que foi atropelada propositadamente por um dos participantes no desfile, como uma mulher “gorda”, “porca” e que ainda não tem filhos depois dos 30 – inadmissível, e uma violação clara dos termos de serviço que proíbem os clientes de utilizar os seus sites para incitar a violência. Pouco depois, a tentativa de mudar mudar o domínio para o serviço de domínios do Google falhou pelo mesmo motivo. 

Enquanto o site procura outras opções na Internet aberta – às 13 horas de quarta-feira, depois de várias tentativas falhadas, tinha acabado de registar um domínio russo, ou seja, terminado em .ru –, o Daily Stormer criou uma “morada permanente” na dark web, uma parte da Internet frequentemente associada a actividades ilegais. Resume-se a um conjunto de redes encriptadas (conhecidas como darknets) que estão intencionalmente escondidas da Internet visível. Como tal, não se encontram sites da dark web através de pesquisas em motores de busca, ou ao escrever o endereço de IP em browsers normais. 

Várias pessoas utilizam a dark web porque oferece uma camada de segurança extra que cobre a sua identidade, e permite maior segurança e privacidade. Não é o caso dos autores do Daily Stormer. “Não queremos saber sobre comunicações seguras ou anonimato, só queremos o nosso site online de forma a que não pode ser encerrado ”, lê-se numa publicação no Twitter.

Os autores não estão preocupados com a maior dificuldade em aceder ao conteúdo, descrevendo a situação como “a melhor coisa que já aconteceu”, dada a atenção dos media sobre as empresas que se têm recusado a manter o domínio do site. O Daily Stormer terá sofrido um ataque informático pelo grupo Anonymous, com o título a passar de “A fonte número um de notícias republicanas de segurança” para “O site republicano mais genocida do mundo”. Porém, as contas nas redes sociais normalmente associadas aos Anonymous não reivindicaram o ataque e muitos utilizadores acreditam que este terá também sido um estratagema para o site neonazi angariar mais publicidade. 

O combate ao conteúdo do Daily Stormer também se trava nas redes sociais, com o Facebook a tentar remover todos os links para o artigo original do grupo a atacar Heather Heyer. Na terça-feira, a rede social confirmou também ter apagado uma série de páginas no Facebook associadas com a violência de sábado em Charlottesville. A Discord, uma aplicação móvel para fãs de videojogos popular entre grupos de extrema-direita, também começou a apagar várias comunidades neonazis na plataforma incluindo o servidor utilizado pelo site Alt Right (uma fonte de notícias populares entre os seguidores da extrema-direita) para os seus utilizadores conversarem entre si. 

Além da morte de Heyer, 19 pessoas ficaram feridas durante o desfile de extrema-direita apoiado pelo site, após um homem de 20 anos atropelear um grupo de pessoas que eram contra a manifestação neonazi.

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