“Tendo os comandantes autonomia, quem os pode impedir de falar?”

“Uma decisão mal calculada” e uma “ideia infeliz”, afirma Fernando Curto sobre a chamada “lei da rolha”.

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ANPC vai fazer dois briefings diários, sobre os incêndios LUSA/TIAGO PETINGA

“Uma ideia infeliz” e um “erro estratégico” são apenas algumas das expressões usadas pelo presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, para falar das novas regras de comunicação do serviço sobre incêndios, às quais muitos estão a chamar “lei da rolha”.

“É um erro estratégico sem qualquer fundamento, não vem trazer melhorias a nada, porque toda a informação dada ou fornecida pelos comandantes é fidedigna. Estão no teatro das operações e têm autonomia”, começa por dizer, ao telefone, Fernando Curto. E acrescenta: “Foi uma ideia infeliz, é uma decisão mal calculada.” Nem sequer parece exequível, diz o presidente daquela associação. “Tendo os comandantes autonomia, quem os pode impedir de falar à comunicação social? Não estão a cometer nenhuma infracção, estão a dar testemunho de uma situação que está a acontecer.”

Em causa, estão as novas regras de comunicação do serviço sobre incêndios – que a Autoridade Nacional de Protecção Civil já negou ser uma "lei da rolha". A ANPC argumenta que os comandos distritais de operações de socorro não estão proibidos de dar informações. "Estamos apenas a concentrar tudo em Carnaxide [sede da ANPC] para facilitar e garantir a conduta operacional dos comandos", disse a adjunta do comando nacional da Protecção Civil Patrícia Gaspar. A ANPC vai fazer dois briefings diários, sobre os incêndios no país, um de manhã e outro ao final do dia.

Fernando Curto não vê qualquer sentido nestas regras: “Um de manhã e outro ao fim do dia, num teatro de operações, com situação de fogo dinâmica, não me parece que seja bom em termos de tempos de informação e pode prejudicar a informação. Os jornalistas precisam de informação ao segundo. E os jornais regionais? Ficam à espera dos [órgãos de comunicação] nacionais para fazerem uma cópia?”, questiona, acrescentando ainda que os comandantes têm “conhecimento de causa” e estão “inteirados da situação, sobre o que se passa no terreno, durante os incêndios.

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