Morreu o actor sueco Michael Nyqvist

Celebrizado pela sua interpretação do jornalista Michael Blomkvist na adaptação ao cinema da trilogia Millenium, o actor morreu esta terça-feira em Estocolmo, aos 56 anos.

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O actor Michael Nyqvist, que se tornou internacionalmente conhecido em 2009 ao interpretar o protagonista da trilogia Millenium, o jornalista Mikael Blomkvist, na primeira adaptação ao cinema dos livros de Stieg Larsson, morreu esta terça-feira em Estocolmo, aos 56 anos, de complicações resultantes de um cancro de pulmão que lhe fora diagnosticado há pouco mais de um ano.

Nyqvist “morreu tranquilamente em casa, rodeado pela família”, anunciou o seu agente, numa breve mensagem em que recordava o carisma do actor: “A alegria e a paixão do Michael eram contagiantes para quem o conheceu e amou: o seu carisma era inegável, e o seu amor pela arte era sentido por todos os que tiveram o prazer de trabalhar com ele”.

As primeiras aparições Nyqvist na televisão e no cinema datam ainda dos anos 80, e quando foi convidado para protagonizar o primeiro filme da série Millenium, Os Homens que Odeiam as Mulheres (2009), realizado por Niels Arden Oplev, o actor era já muito popular na Suécia graças à sua interpretação do polícia Bank na séria televisiva Beck, produzida no final dos anos 90 a partir dos livros do comissário Martin Beck, o detective criado pela dupla fundadora do policial escandinavo, Maj Sjöwall e Per Wahlöö.

Mas foi o seu sucesso como Mikael Blomqvist nos três filmes da série Millenium que lhe abriu as portas de Hollywood. Em 2011 foi o vilão de Missão Impossível – Operação Fantasma, contracenando com Tom Cruise, e em 2014 Chad Staesleki escolheu-o como protagonista de John Wick. Mas Nyqvist continuou também a trabalhar com vários realizadores europeus, incluindo Mika Kaurismäki, que lhe deu um dos papéis principais em The Girl King (2015).

Nascido em Estocolmo em 1960, Rolf Åke Mikael Nyqvist era filho de uma sueca e de um farmacêutico italiano, algo que ele próprio só soube aos 30 anos. Tinha apenas um ano de idade quando foi adoptado, num orfanato, por um advogado e uma escritora, e só quando ele próprio teve o primeiro filho é que decidiu tentar encontrar os seus pais biológicos.

Durante a adolescência, foi praticante de hóquei e pensou fazer carreira no desporto, mas uma lesão no joelho afastou-o precocemente da modalidade. O seu primeiro contacto com o palco ocorreu aos 17 anos, quando viveu um ano em Omaha, no estado norte-americano do Nebraska, ao abrigo de um programa de intercâmbio de estudantes. Teve aulas de representação e interpretou alguns papéis em encenações escolares, designadamente numa encenação de A Morte de Um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller.

Regressado à Suécia ainda tentou o ballet, mas acabou por se inscrever, aos 19 anos, na Academia de Teatro de Malmö. Nos anos seguintes trabalhou sobretudo em teatro, mas foi também desempenhando papéis secundários em filmes para televisão. A popularidade da série Beck rendeu-lhe alguns convites de cineastas europeus, e em 2000 protagonizou um marido alcoólico e abusivo em Together, de Lucas Moodysson, papel que lhe valeu o prémio de melhor actor no festival de cinema de Gijón, em Espanha.

Entre os muitos filmes que protagonizou nos anos seguintes, conta-se Como se Fosse o Céu (2004), do realizador sueco Kay Pollak, que foi nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro.  

Outro papel importante foi a sua interpretação do embaixador sueco Harald Edelstam no filme o Cravo Negro (2007), de Åsa Faringer Ulf Hultberg, que recupera a história verídica deste diplomata que se expôs a graves riscos pessoais para salvar inocentes das execuções do regime de Pinochet.

E no ano seguinte era anunciado que Nyqvist fora escolhido para encarnar Mikael Blomkvist na aguardadíssima adaptação ao cinema da trilogia Millenium (que também teve uma versão para televisão), contracenando com a igualmente excelente Noomi Rapace no papel de Lisbeth Salander. Depois do já referido Os Homens que Odeiam as Mulheres (que o realizador David Fincher retomou em 2011, numa versão em língua inglesa com os actores Daniel Craig e Rooney Mara), ambos mantiveram os seus papéis nos dois filmes subsequentes, realizados por Daniel Alfredson: A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo e A Rainha no Palácio das Correntes de Ar, ambos de 2009.   

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