Autarca de Benavente afirma que não houve "touros de fogo" na Festa da Amizade

O Ministério Público, coadjuvado pela GNR, abriu um inquérito crime sobre os "touros de fogo”. Presidente da câmara fica a aguardar o resultado de um procedimento que “seguramente há de avaliar a situação”.

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O autarca disse que a actividade havia sido colocada no programa sem conhecimento prévio do município Bruno Simões Castanheira

O presidente da Câmara de Benavente disse esta segunda-feira que a actividade “touros de fogo” foi retirada do programa da Festa da Amizade depois de ter recebido um parecer desfavorável da Direcção-Geral de Veterinária.

Carlos Coutinho afirmou que o incidente ocorrido na madrugada de sábado, durante a festa que decorreu no final da semana na vila, não se enquadra no chamado “touros de fogo” que se pratica em Espanha, em que são colocados nos cornos do touro panos embebidos num líquido inflamável posto a arder enquanto o animal corre num espaço aberto, provocando queimaduras e ferimentos.

O autarca disse à Lusa que a actividade havia sido colocada no programa sem conhecimento prévio do município, que apoia a festa organizada pelas comissões da Sardinha Assada e da Picaria, tendo quinta-feira sido decidido cancelá-la, depois de ser reconhecido que esta não é uma tradição do concelho e de ser recebido o parecer da Direcção-Geral de Veterinária, pedido pelos organizadores.

“O que aconteceu não foi ‘touros de fogo’. Algumas pessoas decidiram colocar uma pequena estrutura em ferro acoplada aos cornos de um touro, onde colocaram pequenos foguetes usados nos bolos de aniversário que arderam durante 30 ou 40 segundos. Não provocou qualquer ferimento no animal, ao contrário do que sucede em Espanha”, disse Carlos Coutinho, que lamentou o sucedido.

“Esta é uma festa com 50 anos, marcada pelo convívio, pela confraternização, em que os benaventenses recebem bem os milhares de pessoas que nos visitam”, disse, salientando que a festa, surgida da iniciativa de um grupo de amigos que se reuniu para uma sardinhada e uma pequena “garraiada”, cresceu, tendo actualmente um conjunto vasto de actividades que, apesar do elevado número de visitantes, decorrem “sem problemas”.

O autarca sublinhou a ligação das populações ao touro e ao cavalo, num concelho que possui das maiores concentrações de ganadarias do país, dadas as condições do seu território.

“As imagens chocantes passadas (nas redes sociais) não correspondem ao que aconteceu”, disse, sublinhando que “a gente de Benavente não é bárbara, sabe viver as suas festas e respeitar o touro bravo”.

Questionado sobre a decisão do Ministério Público de abrir um inquérito crime sobre o sucedido na Festa da Amizade, Carlos Coutinho afirmou que fica a aguardar o resultado de um procedimento que “seguramente há de avaliar a situação”.

“Na nossa opinião, o que aconteceu não configura crime, porque não houve ‘touros de fogo’”, actividade que “nem sequer faz parte da tradição” de um concelho, que tem a sua história, assente no touro, no cavalo e no campino, e que gosta de a celebrar “com alegria e em convívio”.

A secção de Benavente do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) – comarca de Santarém – disse esta segunda-feira que foi determinada a “abertura de inquérito para efeitos de investigação da eventual prática de crime relacionada com a actividade ‘touros de fogo’”.

Também o PAN - Partido dos Animais e da Natureza questionou a ministra da Administração Interna sobre o sucedido nas festas de Benavente.

“Apesar das várias interpelações do partido e de outras entidades aos órgãos de polícia criminal, estes alegadamente estiveram presentes no local das festividades e nada fizeram para impedir a tentativa ou consumação desta prática ilícita e atentatória do bem-estar e da integridade física do animal", pode ler-se na página no Facebook do partido

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