Cavaco regressa a Boliqueime: "Continuarei no recato durante mais algum tempo”

O ex-Presidente ofereceu cerca de cinco mil livros à biblioteca municipal. Guilherme d´Oliveira Martins triplicou a dádiva.

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Rui Gaudencio

Cavaco Silva ofereceu à Biblioteca Municipal de Loulé Sofia Mello Breyner Andersen 4913 livros. Na verdade doou mais um: Quinta-Feira e outros dias, obra sua que fez questão de entregar em mão.  A cerimónia da entrega do espólio serviu de pretexto para o ex-Presidente da Republica evocar memórias da antiga aldeia de Boliqueime, no Algarve. “Imagens marcantes que fazem parte das minhas raízes algarvias”, disse, lembrando o dia em que lhe tiraram o primeiro retrato e o ano que andou armado em folião no carnaval de Loulé.

Os livros que juntou ao longo da vida chegaram há alguns meses, já catalogados pelos serviços de documentação da Presidência da Republica. Mas a cerimónia aconteceu na semana em que o município assinala o dia da cidade. Na mesma ocasião, o ex-presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d’Oliveira Martins (actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian) ofereceu, também, cerca de quatro mil livros, de um fundo de 15 mil exemplares que pretende transferir para a biblioteca pública de Loulé.

À medida que a idade avança, disse Cavaco Silva, as memórias infância tornam-se mais nítidas. Ao primeiro retrato, recordou, teria quatro ou cinco anos. Desse temp, ficou-lhe esta imagem: “A minha mãe a vestir-me com a melhor roupa, para apanhar a camioneta na Fonte de Boliqueime para Loulé,  e vir ao fotógrafo.”

As recordações desse dia não se esgotam aí. “Num quarto com pouco luz, fui colocado em frente a uma câmara, bastante volumosa, com um tripé de madeira.” O retratista “acenava para [o jovem Cavaco] ficar no sítio certo”, e lá saiu o retrato. Mais tarde, já adolescente, tornou-se cliente do senhor Bernardo, o alfaiate de Loulé, que lhe fez primeiro fato, e ao qual continuou a recorrer durante todo o tempo de estudante em Lisboa.

Da infância ficou-lhe ainda um certo gosto para o carnaval. Quando tinha seis/sete anos, disse, desfilou no corso carnavalesco de Loulé. “ O que eu queria acima de tudo é que me deixassem desfilar em cima do carro de Boliqueime, acenar, atirar saquinhos para dizer às pessoas: eu estou aqui.”

Já a situação política actual não lhe merece comentários: “Estou muito recatado, e continuarei no recato durante mais algum tempo”. Por seu lado, Guilherme d’Oliveira Martins comentou a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo: “Um momento necessário e justo.”

Porém, advertiu: “Não devemos ter uma leitura triunfalista, felizmente as coisas têm corrido bem, fruto da acção dos portugueses

Por fim, Cavaco Silva e o ex-presidente do Tribunal de Contas, passearam pela avenida José da Costa Mealha, lado a lado com o executivo municipal socialista e os candidatos da PSD às próximas autárquicas. Não houve selfies mas, por momentos, o “bloco central” parecia ter tomado o lugar da “geringonça” no poder autárquico.

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